Sem tabu para a Selic

    Redação

    O ministro da Fazenda, Guido Mantega, minimizou ontem, em entrevista à Reuters, o fato de o Brasil voltar a registrar os maiores juros reais do mundo, depois de o Banco Central ter elevado a taxa Selic de 9% para 9,50% ao ano. Quando descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses, o país registra juros reais de 3,5%, superando o Chile, com 3,2%, e a China, com 3%. “Se olharmos a taxa de juro real, ela é uma das mais baixas que o Brasil teve nos últimos tempos. Lembre-se que já tivemos juro real de 8%, 10%. A taxa que temos hoje não inibe o crescimento, o investimento” afirmou.

    Ele também ressaltou que o governo não vê como tabu a possibilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a Selic para dois dígitos, ou seja, 10% ou mais, nas próximas reuniões, como espera boa parte do mercado financeiro. “Eu não vi essa discussão. As pessoas inventam e depois derrubam tabu. Nunca o governo falou: não pode ser dois dígitos, um dígito ou meio dígito. A taxa tem que ser adequada para a política monetária e para o crescimento”, assinalou.

    Para Mantega, o importante é que o país não está retornando ao passado, de juros exorbitantes. “Agora, nós nunca dissemos (que a Selic) não pode passar de X, Y ou Z. Assim como o câmbio, a taxa de juro de curto prazo tem que ser flexível e de acordo com a necessidade da política monetária. Além disso, com a situação fiscal sólida que temos, você precisa de taxas de juros menores para administrar a política monetária”, frisou.

    Ontem, o mercado financeiro se debateu sobre os rumos da Selic. O grande dilema é se o BC manterá a mão pesada sobre a taxa básica, como nas últimas quatro elevações de 0,5 ponto percentual cada, com o intuito de empurrar a inflação para a o centro da meta, de 4,5%, ou se prevalecerá uma visão menos agressiva em relação ao custo de vida, que se mantém insistentemente próximo de 6%.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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