Dólar sobe 0,23% após comentários de Tombini

    O dólar subiu ontem em relação ao real após declarações do presidente do Banco CENTRALALEXANDRE TOMBINI, de que há um arrefecimento na demanda por swaps cambiais, o que fez com que o mercado ampliasse as apostas de um ajuste, ou mesmo de uma interrupção, do programa de intervenção no câmbio em curso.

    A moeda americana fechou em alta de 0,23% a R$ 2,2160.

    Durante evento promovido pela “Bloomberg”, em São Paulo, TOMBINI lembrou que os contratos de swap cambial ofertados têm sido canalizados para empresas não financeiras e fundos de investimento, enquanto os estrangeiros já reduziram a busca.

    De fato, a posição comprada em dólar (aposta na alta) dos investidores estrangeiros na BM&F, considerando o total em contratos futuros e cupom cambial, tem se mantido estável em torno de US$ 25 bilhões desde o início de janeiro, representando em grande parte a busca por hedge para as aplicações em renda fixa. Já a posição comprada em dólar das empresas não financeiras cresceu de US$ 1,321 bilhão para US$ 2,590 bilhões no período. Os investidores institucionais, por sua vez, passaram de uma posição comprada em dólar de US$ 4,530 bilhões no início do ano para uma posição vendida em US$ 2,941 bilhões.

    TOMBINI justificou o cenário de menor demanda por hedge pelo fato de que há um sinal de que a economia mundial está se consolidando e que permanece a expectativa de que o Banco CENTRAL Europeu (BCE) adote medidas de estímulo monetário para impulsionar o crescimento na zona do euro.

    Para Carlos Eduardo Andrade Jr., diretor de câmbio do Banco Rendimento, apesar do mercado já esperar um ajuste no programa de intervenção, uma interrupção da venda diária de dólares por meio dos leilões de swap cambiais, que hoje soma uma injeção de US$ 200 milhões, não está refletida totalmente no preço e poderia pressionar a taxa de câmbio em um primeiro momento. “Isso surpreenderia o mercado e haveria uma pressão de alta para o dólar, mas se isso vai se sustentar depende do fluxo e do cenário externo.” 

    Para Andrade, mesmo com uma demanda menor por hedge, o BC deve diminuir o volume, mas não interromper o programa, uma vez que a preocupação da autoridade monetária agora é manter a taxa de câmbio para segurar a inflação, que está próxima do teto da meta (6,5%)

    Já o estrategista do UBS Gustavo Arteta, em Nova York, interpretou os comentários de TOMBINI como um sinal de manutenção do programa, mas com ajustes.

    O diretor de câmbio da Intercam Corretora, Jaime Ferreira, tem a mesma interpretação. “Entendo que o BC está sinalizando uma renovação dos swaps, mas com valores menores.”

    O BC já vem tentando reduzir sua posição vendida em swaps cambiais, que soma US$ 89,524 bilhões, por meio da rolagem parcial dos lotes a vencer. Ontem, a autoridade monetária substituiu mais 5 mil contratos de swap que tinham vencimento em 2 de junho. Se mantiver esse ritmo, o BC deixará vencer cerca de US$ 4,5 bilhões do lote de US$ 9,653 bilhões previsto para resgate no início do mês que vem. Assim, encerraria maio com uma posição menor nesses instrumentos cambiais comparada a abril, algo que não ocorria desde fevereiro de 2013.

     

    Fonte: Valor Econômico

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