Mercado já espera nova onda de inflação

    MARIANA CARNEIRO
    DE SÃO PAULO

    Os diretores do Banco Central devem elevar hoje a taxa básica de juros (Selic) de 8,5% para 9% ao ano, segundo previsão de analistas, que já têm no horizonte uma nova onda de deterioração da inflação.

    A alta resistente do dólar, a preocupação com a necessidade de aumento do preço da gasolina e a piora da situação na Síria, que pode levar a um conflito militar e a um aumento do petróleo, elevaram as projeções de inflação para um patamar mais próximo do limite fixado pelo governo (6,5%) neste ano.

    O Citi e a consultoria LCA são duas instituições que já têm como alvo uma inflação de 6% e 6,2% neste ano. Na pesquisa semanal Focus, do BC, as apostas estão em 5,8%.

    O resultado moderado na inflação de julho (0,03%) e a redução dos preços dos alimentos havia acalmado as preocupações sobre o tema. Mas, aos poucos, as expectativas estão voltando a piorar, com o dólar mais alto.

    Da mais recente reunião do BC até agora, o dólar subiu de R$ 2,28 para R$ 2,37.

    Com a perspectiva de contágio nos preços, analistas consideram difícil o BC deixar de elevar os juros como instrumento para esfriar o consumo e conter a inflação.

    O economista Marcelo Kfoury, superintendente do departamento econômico do Citi, revisou para cima sua projeção para a taxa Selic ao fim deste ano, de 9,5% para 9,75%. Além do dólar, Kfoury diz esperar um aumento do preço dos combustíveis.

    Segundo ele, a Petrobras está vendendo gasolina no Brasil entre 25% e 30% mais barato do que as refinarias do golfo do México, o que dá prejuízo à petroleira.

    “Nesse patamar de defasagem, de câmbio e de preço de petróleo, é difícil adiar o aumento”, diz Kfoury.

    Além disso, observa, o dólar mais alto já está afetando o preço de importados, o que deve aparecer na inflação a partir de setembro.

    Em relatório, o economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani, afirma que espera uma inflação de 6,2% neste ano. Distante do objetivo anunciado pelo governo de fazer o índice de preços ficar abaixo do registrado em 2012 (5,84%).

    “A questão agora não é mais um cenário em que a inflação seja menor do que a de 2012, mas, sim, evitar que rompa o limite superior.”

     

    Fonte: Folha de S.Paulo

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