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Presidente do Banco Central durante os oito anos de governo Lula, Henrique Meirelles disse ontem que a escalada do dólar sobre o real é reflexo da nova realidade do Brasil, que já não é mais “a bola da vez” entre os investidores estrangeiros. Falando a uma plateia formada por agricultores do ramo de algodão, o hoje presidente do Conselho Consultivo da J&F atribuiu a disparada da moeda norte-americana ao baixo crescimento econômico do país, que, na avaliação dele, sofre com o encarecimento da mão de obra e com gargalos latentes na logística nacional.
“Os custos no Brasil subiram nos últimos três anos. Isso tem um risco, que é passar para a inflação. Por isso, o governo toma medidas, e o BC já está subindo a taxa de juros para evitar que (esse ciclo de aumentos) contamine toda a economia”, afirmou Meirelles. O dólar, segundo disse, reage como um termômetro dessa nova realidade. “Até 2010, o Brasil era a bola da vez, estava crescendo muito. Agora, está crescendo menos e os custos continuam em alta. Por isso, a valorização do dólar permanecerá”, assinalou.
Poder de compra
Meirelles disse ainda que, apesar de favorável para o exportador, a alta da divisa norte-americana “diminui o poder de compra da população como um todo”. Ele lembrou que a desvalorização do real não é um fato isolado, pois moedas de outros países emergentes, como as da Índia e da Indonésia, também perderam valor. É preciso destacar, porém, que, “no Brasil (o dólar), subiu um pouco mais (que em outros países).”
O ex-presidente do BC comentou que o movimento decorre do crescimento “sustentável” da economia dos Estados Unidos, o que levou o Federal Reserve (o BC norte-americano) a sinalizar mudanças na política de estímulos que vem adotando desde o agravamento da crise econômica mundial, no início de 2008.
Fonte: Correio Braziliense