Para BC, quadro fiscal é ‘desafiador’

    Em conjunto, Tesouro Nacional, Previdência e Banco Central têm de economizar R$ 46 bilhões no último trimestre para cumprir meta

    CÉLIA FROUFE, EDUARDO CUCOLO, ADRIANA FERNANDES E RENATA VERÍSSIMO BRASILIA

     

    Após anunciar o resultado surpreendentemente negativo das contas públicas de setembro, o Banco Central admitiu ontem que a situação fiscal brasileira se deteriorou. “O quadro fiscal é desafiador, não há dúvida”, afirmou o chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central, Tulio Maciel.

    Ele se referia ao resultado das contas na esfera federal Embora a meta do governo central, conjunto formado pelo Tesouro Nacional, Previdência e Banco Central, seja economizar R$ 73 bilhões este ano, o desempenho de janeiro a setembro está bem abaixo disso.

    Será preciso garantir um superávit de R$ 46,1 bilhões nos próximos meses, valor muito acima dos R$ 26,6 bilhões obtidos por enquanto. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, prometeu cumprir essa meta “a todo custo”.

    Maciel só reconheceu que o governo está diante de um desafio depois de ter sido muito pressionado pela imprensa. No início da entrevista, o técnico do Banco Central tentou reproduzir o otimismo com as contas públicas que havia sido mostrado mais cedo pelo secretário do Tesouro Nacional, Amo Augustin, e afirmou que a meta será cumprida.

    Questionamento. Augustin havia divulgado o resultado das contas do governo central e, por causa do mau resultado, foi muito questionado sobre a possibilidade de descumprimento da meta fiscal de 2013. “Respeito muito posições e críticas, mas achamos que vai dar para cumprir a meta”, disse Maciel.

    O chefe do Depec citou as afirmações de Augustin e observou que o Tesouro tem melhores condições que o Banco Central de fazer prognósticos, pois é fonte primária dos dados das contas públicas. Porém, o chefe do Departamento Econômico acabou se atrapalhando para apresentar o ponto de vista da instituição sobre o rumo do cumprimento da meta fiscal.

    Ele afirmou que o saldo acu-I mulado nas contas do setor público nos 12 meses até setembro “não está muito distinto” do observado nos 12 meses até agosto. Ocorre que o dado para setembro é 1,58% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto o de agosto foi de 1,8296 do PIB.

    Maciel disse também que a tendência é o resultado primário em 12 meses subir daqui para o final do ano, para algo semelhante aos 1,82% registrados até agosto. Porém, a meta fixada para dezembro é 2,3%.

    Questionado se o governo já contava com um resultado abaixo da meta para 2013, ele afirmou que o resultado de setembro, apesar de negativo, não muda a perspectiva do BC para o cenário fiscal. “Em termos de dinâmica, o resultado para este ano não afeta a perspectiva de neutralidade no horizonte relevante”, considerou. /

     

    Fonte: O Estado de S.Paulo

     

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