Prognóstico do Diap para a Câmara dos Deputados na eleição de 2014

    Por Antônio Augusto de Queiroz (*)

    Com base em informações qualificadas – como serviços prestados, vinculação a grupos políticos, econômicos e sociais, influência regional, estrutura partidária e apoio financeiro – o Diap promoveu um amplo levantamento destinado à elaboração de um prognóstico sobre a composição da Câmara dos Deputados, a ser eleita em 2014.

                    Adotou-se, como metodologia, a consulta a jornalistas, parlamentares, pesquisas eleitorais, especialistas, e também partiu-se do pressuposto de que os candidatos à reeleição, deputados estaduais, vereadores de capitais e ex-prefeitos de grandes centros, bem como os suplentes bem votados na eleição anterior, dependendo da coligação, são competitivos.

                    Advirta-se, desde logo, que levantamentos com essas características, destinados a identificar os candidatos mais competitivos, estão sempre sujeitos a imprecisões e surpresas, razão para qual o fato de constar o nome nesta lista não significa que será eleito nem a ausência significará derrota. Trata-se de um esforço de antecipar tendência em relação à composição das bancadas, identificando os candidatos com potencial de eleição.

                    De acordo com a tabulação dos dados, que considera o possível desempenho eleitoral de cada partido em cada uma das 27 unidades da federação, a Câmara dos Deputados continuará muito pulverizada, com a redução das bancadas dos principais partidos em relação ao pleito de 2010 e aumento do número de agremiações com representação na Câmara, que deve passar de 22 para 28, conforme tabela abaixo.

    Partido

    Bancada eleita 2002

    Bancada eleita 2006

    Bancada eleita 2010

    Bancada atual

    Prognóstico 2014

    Mínima

    Média

    Máxima

    PT

    91

    83

    88

    88

    70

    82

    95

    PMDB

    75

    89

    78

    72

    48

    60

    73

    PSD

    0

    0

    0

    45

    29

    38

    48

    PSDB

    70

    66

    53

    44

    36

    44

    53

    PP

    49

    41

    41

    40

    29

    35

    41

    PR

    32

    25

    42

    32

    23

    27

    32

    DEM

    84

    65

    43

    28

    20

    22

    25

    PSB

    22

    27

    34

    24

    23

    28

    34

    SD

    0

    0

    0

    21

    16

    18

    20

    PROS

    0

    0

    0

    20

    15

    17

    20

    PTB

    26

    23

    21

    18

    18

    22

    27

    PDT

    21

    24

    28

    18

    13

    15

    18

    PCdoB

    12

    13

    15

    15

    12

    16

    20

    PSC

    1

    9

    17

    12

    11

    13

    16

    PRB

    0

    1

    8

    10

    10

    13

    16

    PV

    5

    13

    15

    8

    9

    11

    14

    PPS

    15

    22

    12

    6

    9

    10

    11

    PSOL

    0

    3

    3

    3

    2

    3

    4

    PMN

    1

    3

    4

    3

    3

    3

    4

    PTdoB

    0

    1

    3

    3

    3

    3

    4

    PRP

    0

    0

    2

    2

    2

    3

    4

    PEN

    0

    0

    0

    1

    1

    2

    3

    PTC

    0

    3

    1

    0

    1

    1

    2

    PHS

    0

    2

    2

    0

    1

    1

    2

    PRTB

    0

    0

    2

    0

    1

    1

    2

    PSDC

    1

    0

    0

    0

    1

    1

    2

    PTN

    0

    0

    0

    0

    0

    1

    1

    PSL

    0

    0

    0

    0

    1

    1

    2

    Fonte: Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP)

                    A provável redução da bancada ou o número de eleitos se justifica, entre outras razões, pela criação de partidos em 2013, como PSD, Pros e SD, que tiveram importantes adesões, com a consequente perda de parlamentares em todos os grandes e médios partidos, com exceção do PT.

    Segundo o prognóstico do Diap, apesar de menores, o PT e o PMDB continuarão, respectivamente, como primeira e segunda maiores bancadas. O PSDB continuará em terceiro lugar e o PSD e o PP disputam a quinta posição. O PR e o PSB disputam a sexta posição, seguidos do DEM, do PTB, do Pros, do SD, do PDT e do PCdoB.

    Apenas dois partidos (PT e PMDB), que certamente terão mais de 50 deputados, poderão ser classificados como grandes. Na categoria de médio, com entre 20 a 49 deputados, podemos citar PSDB, PP, PSD, PSB, PR, DEM e PTB.  Podem ser enquadrados como pequenos, com entre 10 a 19 deputados, os partidos: PRB, PV, PPS, SD, Pros, PDT, PCdo B e PSC. Na condição de muito pequenos, apelidados pejorativamente de nanicos, com menos de dez deputados, podemos citar: Psol, PMN, PTdoB, PRP, PRTB, PTC, PEN, PHS, PSDC, PTN e PSL.

    A julgar pelos aspectos apontados, o próximo presidente da República, seja quem for, terá que negociar com vários partidos no varejo (caso a caso) para formar maioria pontual e, acima de tudo, ficará na mão dos partidos médios (muitos dos quais fisiológicos). Num cenário desses, as chances de reformas estruturais são praticamente nulas. Ou haverá pressão popular ou o toma-lá-dá-cá tende a aumentar.

     

    (*) Jornalista, Analista Político e Diretor de Documentação do Diap.

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