Selic deve subir para 10%

    A principal bandeira econômica da presidente Dilma Rousseff minguou de vez. Os integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central começarão a definir hoje com qual taxa básica de juros o país terminará 2013. Na última reunião de um ano que começou com a menor Selic da história, 7,25%, a taxa muito provavelmente pulará dos atuais 9,5% para 10% ao ano, voltando para a casa dos dois dígitos. O resultado será conhecido amanhã, no início da noite.

    Diante da gastança do governo, sustentam analistas, o BC é obrigado a manter a elevação da Selic, iniciada em abril. A sexta alta consecutiva é dada como certa pelo mercado, conforme reforçou o Boletim Focus divulgado ontem pela autoridade monetária. Para o fim do ano que vem, a média das apostas das 100 instituições consultadas semanalmente pelo BC indica uma taxa de 10,5%, contra a previsão de 10,25% na semana anterior.

    O cenário macroeconômico do país — com política fiscal expansionista e inflação bem acima da meta de 4,5% — abre espaço para um aperto monetário ainda maior. Há analistas, inclusive, prevendo Selic de até 11% ainda no primeiro semestre de 2014. Na contramão do restante do mundo, que vem reduzindo as taxas para garantir algum crescimento, o Brasil se consolida no topo do ranking de juros reais (quando descontada a inflação), distanciando-se do segundo colocado, o Chile.

    Dilma e sua equipe comemoraram em outubro do ano passado a Selic a 7,25%, o menor patamar já registrado no país. A façanha seria usada na campanha pela reeleição, mas o governo se esqueceu de criar as condições necessárias para sustentar a taxa em níveis historicamente baixos. Os gastos públicos não pararam de subir, potencializando as pressões inflacionárias. Assim, a contragosto, restou ao BC retomar um novo ciclo de alta.

    Além de ver ruir um de seus principais objetivos, a presidente pode terminar os quatro anos de governo amargando juros mais altos que os 10,75% herdados de Lula. “Precisaremos retomar as reformas estruturais para garantir um crescimento sustentável nos próximos 10 anos, e não nos próximos 10 meses”, defende o economista-chefe para a América Latina do BNP Paribas, Marcelo Carvalho, que faz coro ao consenso da Selic a 10% na reunião que será iniciada hoje.

    Com juros altos e inflação persistente, não há perspectiva de melhora da situação macroeconômica, no entender de boa parte dos analistas. Os resultados dos recentes leilões de infraestrutura, enaltecidos pelo governo, pondera Carvalho, não resolvem o problema do rombo nas contas públicas. “Pouco foi feito para estimular investimentos”, acrescenta ele, que ressalta a preocupação com a alta de preços. “As expectativas estão desancoradas. Ninguém acredita na meta de inflação de 4,5%”, diz.

    Ansiedade

    Desta vez, o mercado aguardará o comunicado sobre a definição da taxa de juros — divulgado pelo BC sempre na semana seguinte à reunião — com mais ansiedade do que a própria Selic. “Se o tom da ata for semelhante à do encontro anterior (no sentido de combater a inflação), serão grandes as chances de mais aumento já no início do ano que vem”, comenta o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otavio de Souza Leal. false false true Selic deve subir para 10% Taxa volta à casa de dois dígitos, com tendência de aumentar em 2014.

     

    Fonte: Correio Braziliense

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