O cinquentenário do golpe civil-militar que depôs o então presidente João Goulart, eleito vice-presidente em eleições livres e democráticas, e que assumiu o cargo após a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961, teve o condão de fazer com que sentimentos ligados a esse passado recente do nosso país voltassem à tona, e expusessem tentativas, ainda que tímidas, de recrudescimento político, classista e social.

Personagens dos últimos 50 anos, à esquerda, à direita – e seus extremos – ou do centro político manifestaram nos últimos dias suas opiniões por meio da grande maioria dos veículos de mídia; universidades e escolas buscaram contar um pouco mais do pouco que já se sabia sobre os caminhos que levaram ao golpe ou sobre os resultados dessa atitude extremada de civis e militares, sendo estes os que governaram o país entre 1964 e 1985.

Assistimos, com certa apreensão, discussões acirradas no Congresso Nacional, defendendo posições ainda exacerbadas sobre aquele momento da história e velhas fórmulas desgastadas pelo tempo, que não mais condizem com a realidade atual do Brasil, esquecendo-se os nobres parlamentares, como se fosse possível, que aquela Casa democrática, à época, viu suas portas fechadas e seus parlamentares amordaçados.

Muito ainda temos a fazer para aperfeiçoar e solidificar nossa democracia, ainda incipiente, mas os métodos a serem utilizados têm que, obrigatoriamente, passar pelos caminhos da liberdade de expressão e da vida.

Os alicerces democráticos de uma política que proteja o cidadão, dando-lhe condições para o seu mais amplo desenvolvimento estão construídos. Caberá ainda construir estruturas que lhe garanta o direito à educação, habitação e assistência à saúde de boa qualidade, e, principalmente, que privilegie a geração de empregos que lhe permita buscar sua independência social à custa, principalmente, de seu trabalho.