A VITROLA DE RCN
Os agentes do mercado financeiro só têm um lado de disco de sua preferência para colocar na vitrola: o “lado A”, que fala das maravilhas e oportunidades obtidas com um mercado que tem liberdade de ação e organização como derivativos, blockchain, auto regulação etc.
Porém, quando uma crise financeira aparece – e ela sempre aparece porque é inexoravelmente induzida pelo descontrole e ganância destes mesmos operadores -, eles simplesmente viram o disco para o “lado B”, que fala da necessidade imperiosa de o governo colocar os recursos que forem necessários para que as empresas não quebrem e os empregos sejam poupados (mas, é claro, tudo começando pela “salvação” dos bancos).
A ideia ora em circulação de um Banco Central “totalmente” independente, e em “sintonia” com as inovações do mercado financeiro, com as novas formas de moedas digitais e a autonomia para a gestão de recursos monetários e cambiais só mostra que estamos com a vitrola tocando o “lado A” em volume máximo.
O fato é que esses recursos – que, em última instância, pertencem aos cidadãos, e que, portanto, devem ser protegidos pelo Estado, dadas suas funções de gerenciamento das políticas monetária, creditícia e cambial – não fazem parte dessa “trilha sonora” do mercado financeiro.
Um Banco Central de verdade precisa contar com uma eficiente fiscalização do sistema financeiro e um acompanhamento sistemático da atividade econômica para que as medidas anticíclicas possam ser analisadas e coordenadas com o governo escolhido pelo voto da sociedade, exatamente para resguardar empresas e empregos.
Quem fará isso num Banco Central transformado em empresa pública?
(Uma entidade que não é de Estado e que, portanto, não necessita levar essas funções ao devido rigor necessário, para não “assustar” os agentes do mercado financeiro).
Em tempos de redes sociais polarizadas e de exaltação do próprio umbigo no Instagram, esse tipo de assunto não dá muita audiência, mas é nossa obrigação como Servidores Públicos, e, principalmente, como um Sindicato de Servidores Públicos, colocar o “dedo na ferida” da PEC 65.
Toda a autonomia que lá está pode perfeitamente ser obtida sem a necessidade da transformação da nossa Autarquia em um “penduricalho” do mercado financeiro.
Então, por que está lá?
Porquê é isso que importa para o “mercado”.
O resto é simplesmente a “cenoura na ponta da vara”.
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