Caos, valores tratados como mimimi e diálogo inexistente – como o servidor público pode sobreviver a este governo?
Que o país está polarizado todos sabem. Isso não é de agora, mas se acentuou, e muito, após as eleições presidenciais. O problema é o que vem “de brinde” com este cenário: a falta de diálogo. De respeito. De conhecimento. De humildade.
Não há debate saudável. Não há debate. O achismo pessoal e extremamente superficial tomou conta das decisões neste momento
E o pior: isso não está restrito à população em geral. Virou política de governo -; certezas absolutas baseadas em pensamentos simplistas e o alijamento do conhecimento técnico
Caos.
O autoritarismo tomou conta de uma maneira simplista. O que antes era tido como valor – o diferente, o divergente – pois era um ponto de vista a mais para a construção de uma proposta, uma solução mais ampla e duradoura, hoje é renegado. Para além de renegado, antes mesmo da probabilidade do contraditório, o “contrário” já é abatido, deletado, apagado da participação.
Os valores que criam as bases para uma forma de funcionamento saudável nas instituições estão sendo todos devastados. Hoje tudo tem seu preço, mas perdeu-se completamente os valores.
Se tornaram mimimi.
O diálogo inexiste.
A própria Constituição está sendo rasgada pelo Supremo Tribunal Federal. A sensação para quem viveu a época da ditadura é que estamos em momento pior do que aqueles dos anos de chumbo. Lá ela era explícita. Aqui é uma pseudodemocracia.
Os “contrários”, extremamente enfraquecidos, como no caso dos sindicatos, têm espaço mínimo de ação. Parecem muito espertas e inteligentes as estratégias de “matar” o que é contrário. Desta maneira, a “minha ideia” prevalece. Simples, (ou simplório?).
Argumentos sem base, ou pior, com números forjados e/ou encomendados. Uma intenção clara de que a vontade prevaleça sobre até mesmo a razão e a verdade. Se “alguém” quer e acredita, não importam mais os dados. Os dados são fabricados para embasar os quereres.
Pratica-se à exaustão o “repetir sistematicamente uma mentira até que pareça verdade”.
Deputados e senadores completamente superficiais sem qualquer autocrítica se achando estratégicos. Incapazes de duvidar de si mesmos, das suas certezas absolutas.
Impossível acreditar que quem está decidindo hoje a vida dos trabalhadores brasileiros sabe o que está fazendo. Quando se olha para as contradições, vem a certeza: é claro que não sabem. Dizem que “não têm todas as respostas”. Mas mesmo assim avançam.
Não é sensacionalismo acreditar que o Brasil entrará em um colapso e terá de ser repensado, reconstruído.
O único alento é acreditar que depois desse caos, enfim o brasileiro tomará consciência política e administrativa, ainda que da pior maneira possível. A omissão não será mais opção. Todos estão sendo instados a se verem como responsáveis. A serem protagonistas deste tempo, de suas vidas, e não meros coadjuvantes passivos de uma situação dramática que lhes é imposta.
Neste momento, de total falta de diálogo, restam poucas opções: resignação ou enfrentamento.
Como tem sido veiculado pelas mídias, nós, do sindicato, estamos fazendo tudo o que é possível fazer sem a mobilização da base. Construindo emendas e buscando o apoio de deputados e senadores, atrás de interlocução, temos conseguido pequenas vitórias, que dentro deste contexto, comemoramos como sendo gigantescas.
Porém, o sindicato “de gabinete” tem limite de atuação.
Em um momento tão crítico e único da nossa história é preciso coragem e disposição para ações nunca realizadas antes.
Talvez seja um momento como muitos dizem de mudança de Era, de quebra de paradigmas. Para melhor, espera-se. Mas a pergunta é como será a próxima Era, se não tivermos um mínimo de valores como a verdade, o Respeito, o Reconhecimento do outro?
Por isso, fica o convite para uma reflexão: o que você pode fazer para que, juntos, tenhamos força para evitar e/ou reverter os danos causados ao Servidor Público e consequentemente à Sociedade Brasileira?
Andréia Medeiros
Presidente do Conselho Regional
Seção Regional Brasília
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