Número 39 - 3/8/2015

Catraca e raio X no nosso dia a dia: isso não é QVT!

Este ano de 2015 tem mostrado que permanece corrente uma falta de transparência nas decisões tomadas por parte da administração central do Banco Central. Algumas delas vão de encontro a vários tópicos caros à QVT. A pouca prática do diálogo entre o sindicato e a administração, ausente no atendimento de algumas das demandas da área, pode levar ao aprofundamento de problemas já existentes e ao surgimento de novos. 

Entre os problemas que já começam a incomodar muito está a adoção de novos mecanismos de controle sobre o servidor, em especial o adotado no edifício sede em Brasília e no MECIR, no Rio de Janeiro. O uso de detectores de metais e raio X para o acesso do servidor ao ambiente de trabalho mostra, de modo exemplar, como essa administração parece ver o servidor: não como partícipe na sua atuação fim, mas como uma possível ameaça. 

Essa pressuposição da culpa do colega servidor, que implanta um sistema de controle de entrada com o grau de rigidez do acesso a um voo internacional, não parece ter respaldo no dia a dia da instituição nos últimos anos. Ou seja: não há histórico que corrobore essa ação coercitiva e intimidadora por parte da administração do BC. 

Outra questão associada ao controle de acesso e presença no trabalho é a do uso do sistema eletrônico de controle de ponto. Neste caso específico, o Sinal também possui posição definida. 

Entre as propostas construídas de modo coletivo no Sinal está a de se adotar como princípio gerencial central o de maior autonomia para as células de trabalho (leia a íntegra da proposta do GT aprovada na última AND). Resumidamente, o grupo de trabalho local, gerente e coordenados, em função da natureza de sua atividade, são o que mais a dizer sobre como o controle de frequência e de desempenho deve ser efetuado. 

Dada a diversidade de atividades no BC, faz sentido que a chefia imediata, em conjunto com os colegas subordinados, tenha a autonomia para estipular a forma como o serviço é acompanhado e avaliado. Nesse contexto, a mera especulação sobre a utilização de controle de presença através de ponto eletrônico em uma instituição com a natureza da atividade do BC deveria ser muito bem ponderada e avaliada com todas as ressalvas necessárias. 

Como posto no documento citado: 

“A introdução de controle eletrônico de frequência, segundo o modelo utilizado contemporaneamente em diferentes organizações, retira da célula de trabalho um dos principais aspectos de sua autogestão – o controle de frequência -, transferindo-o para um programa padrão, sem nenhuma sensibilidade para a gestão de pessoas, em toda a sua complexidade e riqueza.” 

A proposta construída no âmbito do nosso sindicato procura aumentar a flexibilidade da gestão de pessoal, ou seja: 

“Uma alternativa mais adequada à ampliação da QVT deveria ter seu foco no aumento da autonomia das células de trabalho. Tal ampliação de autonomia pode conduzir a mais adequada efetivação de uma gestão do trabalho assentada na ampla participação de gerentes e geridos. Para a adoção desse modelo, faz-se necessária a mudança de alguns aspectos da legislação vigente, tomados como cláusulas pétreas por parcela significativa da Administração Central da Instituição, o que demanda forte atuação do Sindicato dos Funcionários do BCB no sentido da produção de tais transformações. 

Efetuadas tais mudanças, alternativas de flexibilização da jornada de trabalho, como home-office, jornada de 6 horas, jornada de 7 horas corridas, entre outras possibilidades, passariam a estar subordinadas à natureza da atividade de cada área, assim como à capacidade de gestão coletiva do trabalho apresentada por uma célula de trabalho.” 

Ou seja, o aumento na autonomia das células de trabalho está casada com um amplo guarda-chuva de opções que seriam localmente definidas em função da natureza da atividade executada. 

Um relacionamento entre a gerência no Banco Central e o quadro de servidores deve se basear na confiança e na delegação de atribuições não apenas na sede, mas também nas atividades efetuadas nas regionais. O adequado atendimento das demandas da sociedade em todo o território nacional deveria ser preocupação central dessa administração central, e para tal, ela deveria buscar o melhor aproveitamento de seus quadros, onde ele esteja. Mas essa conversa é para um próximo Apito Brasil QVT.  

Conte com o sindicato no seu dia a dia: Isso é QVT!

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