Edição 46 - 09/05/2019

“Dançando” com lobos

Durante a discussão sobre as alterações previstas para o nosso PASBC, verificamos que os Servidores do BCB e seus dependentes apresentavam uma diversidade de sentimentos contraditórios em relação àquilo que nos foi imputado pelo Banco.

Inicialmente, o sentimento de revolta em relação ao fato de que nos foi enfiado “goela abaixo” não apenas um aumento desproporcional, mas, principalmente, a incumbência de cobrir futuros déficits do Programa, em troca de vagas promessas de uma futura e incerta Melhoria de Gestão do PASBC.

Soma-se a isto a sensação de descaso. Ora, sabemos há muito tempo que o gerenciamento do PASBC nunca foi prioridade na Alta Administração do BACEN. Na iminência de mais um corte de Orçamento que vai de 10,0 a 22,0%, não é difícil adivinhar que áreas serão ainda mais relegadas. O Programa sobrevive graças aos esforços pessoais de abnegados colegas.

A comparação que é feita, principalmente junto aos mais novos, com Planos de Saúde privados é totalmente descabida e apenas gera confusão. O PASBC sempre teve como pilar o elo de solidariedade entre todos os seus integrantes, a ausência de fins lucrativos e a gestão participativa, com Servidores e Administração do Banco trabalhando juntos pelo seu aprimoramento.

Este pilar está sendo destruído.

A forma arbitrária de decidir quem pagará mais e quem pagará menos acirra ainda mais a sensação de injustiça, pois estamos falando de um direito da Categoria que está sendo manipulado e formatado pelo BACEN exclusivamente conforme os seus interesses, para se tornar um mero Plano de Saúde para consumidores individuais.

Por fim, o sentimento que permeia a mente dos Servidores, e que é constantemente explorado pela DIRAD, é o medo. O medo de perder o que ainda sobra. Vivemos tempos difíceis, em que a destruição de direitos se tornou um ato banal, basta rotulá-los de privilégios para que qualquer racionalidade cesse e tudo que se argumente seja desprezado.

É como querer discutir com lobos.

Anos atrás alguns aposentados pela CENTRUS conseguiram judicialmente fazer valer o seu direito original de ter reconhecido o seu Programa de Saúde como parte do seu salário, e por isso o Banco repõe esses recursos ao PASBC, não havendo, portanto, qualquer rateio destes valores entre os demais beneficiados.

Infelizmente isso é passado, a atual conjuntura é a de um Judiciário hostil e de uma Administração raivosa quando se trata de demandas de cunho trabalhistas.

Diante desta situação, o Sinal entende que questionar judicialmente, de forma direta, as alterações do PASBC, é assumir um grande risco para a Categoria, pois uma sentença atravessada poderá colocar em xeque a própria existência do Programa.

Entretanto, tal risco se mostra extremamente mitigado quando estabelecido na esfera individual, na figura de um consumidor de um Programa de Saúde, e que poderá ter o seu pleito atendido ou não exclusivamente nesta condição.

O medo nunca foi bom conselheiro, apenas a prudência e a racionalidade devem guiar os nossos passos.

Deixamos bem claro os riscos de sucumbência de tais ações, porém negar o direito de um associado que teve mais de 100% de aumento da sua contribuição de pleitear a sua defesa na Justiça é simplesmente fazer o jogo de quem quer manipular o futuro do PASBC.

Não poderíamos nos chamar de Sindicato se assim procedêssemos.

Diga pelo que você quer lutar!!!

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