Edição 32 – 23/2/2022
Declaração equivocada não condiz com o altíssimo valor dos servidores do BC
Na última segunda-feira, 21 de fevereiro, o presidente da República, em evento ligado a profissionais da segurança pública, declarou que os servidores públicos federais que não fazem parte da segurança pública deveriam ter “compreensão” e aceitar ficar sem reajuste salarial em 2022. Ou seja, enquanto os profissionais da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Depen teriam aumentos, os demais servidores deveriam resignar-se.
A declaração por si só já é um enorme equívoco. Contudo, no caso dos servidores do Banco Central do Brasil, tal fala desastrosa não pode ser analisada em separado de outras manifestações dadas pelo próprio chefe do Executivo, no último dia, à JP News. A este veículo, o presidente da República disse que o BC é um órgão não aparelhado politicamente, que presta um bom serviço ao país, elaborou o PIX e outros bons projetos, etc. Ou seja, as altíssimas qualidades da Autarquia e de seus servidores foram ressaltadas e ficou claro que isso tudo pode ser utilizado como “plataforma eleitoral” no próximo pleito presidencial.
Ressalvando que estatutariamente não cabe ao Sinal ser a favor ou contra esta ou qualquer candidatura presidencial, mas sim fazer uma análise isenta dos fatos, torna-se óbvio que, apesar dos elogios públicos ao BC, para os servidores da instituição o recado é de que tenham “compreensão” e fiquem sem reajuste.
O Sindicato já cobrou e continuará cobrando o reajuste salarial para Analistas e Técnicos do BC na forma de subsídio e nos mesmos patamares das novas tabelas de Delegado e de Agente da PF. Ou seja, exigimos que os Especialistas do BC estejam no topo do Executivo Federal. E isso não é um favor, mas sim um reconhecimento justo e merecido a servidores de alta qualificação e enorme competência e responsabilidade, os quais colaboram diariamente para que a Autarquia seja uma das organizações públicas de maior produtividade e relevância do Brasil.
Se a desculpa dada por alguns críticos é a de que a situação da economia não permite reajustes salariais, a nossa resposta deve ser a de que é exatamente para apoiar ainda mais a economia brasileira que os servidores do BC devem ser valorizados. Além de ser o guardião da moeda, o órgão é supervisor e regulador do SFN, criador do Pix e de outros projetos, entre diversas funções de extrema relevância para a manutenção e o desenvolvimento econômico do nosso país. Ou seja, valorizar os servidores é valorizar também a instituição Banco Central e a economia brasileira como um todo.
O reajuste para os servidores do BC não atrapalharia o equilíbrio fiscal brasileiro, pois o número de servidores é pequeno em relação ao total. Mas o custo de transformar o BC em um “centro de treinamento de luxo”, no qual seus servidores, desmotivados, acabassem por passar em outros concursos públicos ou buscar oportunidades na iniciativa privada e em órgãos internacionais, seria significativamente alto. Seria o famoso risco de RH, sobre o qual o Sinal alertou o presidente Roberto Campos Neto nas últimas duas reuniões havidas em 2022.
Por fim, o Sinal cobrou, e continuará cobrando, reunião com os Ministros da Casa Civil e da Economia, a fim de exigir que toda a Reestruturação de Carreira (incluindo o reajuste) dos Especialistas do BC seja apoiada e inserida na mesma Medida Provisória que contemplará o reajuste dos Policiais Federais, ainda em 2022. E, enquanto não houver proposta oficial do Governo Federal, a nossa única alternativa é intensificar a mobilização.