Edição 87 - 24/10/2013

Entrevista com Francisco Almir, Editor da *Erdanet

Em uma entrevista curta, franca e direta, Almir, coloca-se a favor de algumas bandeiras do Sinal Brasília, como eleições diretas e, embora discorde do pagamento de verba de representação, se mostra favorável a que a base seja consultada a respeito. Na entrevista, fala ainda de sua decepção com o PT, do Contraponto do Sinal Fortaleza e de outros temas.

1) A *Erdanet existe há 18 anos, o que justifica a manutenção dessa rede diante de tantos outras formas de relacionamento e debates providas pela tecnologia que sucedeu a criação desta Rede?

Almir: A manutenção da *Erdanet não é decidida por mim, mas pelos nossos assinantes. Enquanto os participantes acharem que a Rede tem utilidade ela será mantida.

2) Por que o Editor não se envolve nos debates promovidos pela *Erdanet?

Almir: Acho preponderante o papel de moderador, quanto menos eu interferir nos debates, mais à vontade deixarei os debatedores. Sem a minha opinião, não há como influenciar o pensamento de alguns e nem inibir a expressão de outros.

3) Mas houve exceções nesta postura, na campanha dos subsídios, você escreveu abertamente a favor. Recentemente, quando da inauguração do serviço “Contraponto” pelo Sinal-FOR, você reagiu fortemente. Por que?

Almir: Realmente ocorreu, pois ninguém é de ferro! Acho que a implantação da remuneração por subsídios foi importantíssima no sentido de aproximar as remunerações dentro do mesmo cargo. Lembro que quando entrei no BC (1992), recebia cerca de 1/6 do salário dos colegas mais antigos. Hoje, já antigo, não ganho nem o dobro do salário dos mais novos de Casa, o que julgo justo. Quando entrei no debate sobre os subsídios, senti que tinha a obrigação de interferir positivamente por sua aprovação, no momento que a oposição crescia.

Quanto à questão do jornal eletrônico “Contraponto”, divulgado semanalmente pelo Sinal-CE, reagi contrariamente, não como editor de Rede, mas como filiado, pois acho que tanto o Sinal como os demais sindicatos devem ser apartidários. O “Contraponto” é uma aberração e um insulto aos filiados do Sinal, pois se resume num amontoado de artigos colhidos de fontes totalmente favoráveis ao governo, muitas delas ligadas diretamente aos partidos PT e PCdoB. Mesmo após ser questionado por mim e por outros sobre sua postura pelega, o Sinal-CE fez ouvido de mercador e nada respondeu, transparecendo a ideia de que pode fazer o que quiser. Penso que qualquer dirigente sindical tem todo o direito de crer e defender suas ideias, o que discordo é a utilização da estrutura e nome do sindicato em defesa de sua ideologia política individual.

4) A reação ao Contraponto se deu por ser considerado ideológico ou por que teria viés político contrário ao do Editor da *Erdanet? Teria sido diferente se o você apreciasse o conteúdo do Contraponto?

Almir: A reação se deu por ser considerado ideológico. Não teria qualquer sentido se falar em viés político do Editor, uma vez que não tenho viés político. Se o conteúdo enaltecesse o PSDB, por exemplo, eu seria contrário da mesma forma. Digo isso até porque nunca votei no PSDB. Os petistas de um modo geral não sabem se defender, normalmente se resumem em atacar o PSDB ou seus aliados. Desde 2003 que meu voto é nulo, após ter votado no PT em 2002 tanto para a esfera federal quanto estadual e ter me considerado enganado pelo estelionato eleitoral. A minha indignação pelo PT é maior do que pelo PSDB unicamente por ter confiado meu voto ao primeiro e nunca ao segundo.

5) O Sinal em Brasília é forte defensor de eleições diretas em âmbito nacional, seja para presidente do Sinal, seja para mais dirigentes nacionais. O último plebiscito sobre isso deu vitória a forma atual (indireta), mas por uma margem muito pequena. Qual sua opinião sobre retomar o debate e sobre as eleições diretas em si, para o Sindicato?

Almir: Sou favorável tanto à retomada do debate quanto às eleições diretas.

5.1) Em que a eleição direta melhoraria o Sindicato e por que debater o assunto?

Almir: Melhoraria principalmente sua credibilidade, tornando o filiado mais participativo e comprometido. O debate seria importante porque o tema ainda é polêmico e merece maior amadurecimento por parte dos filiados.

6) Divulgamos em Brasília um demonstrativo financeiro mensal para toda a base, inclusive para não filiados, e para as redes. Como você avalia esse trabalho? Você acredita que deveria ser adotado nacionalmente?

Almir: Avalio esse trabalho positivamente e acredito que esse modelo, já implantado pelo Sinal-MG e pelo Sinal-DF, deveria ser adotado nacionalmente.

7) Defendemos em Brasília que a o registro nominal, em ata, dos votos se torne norma para os conselhos nacional e regionais, para as diretorias nacional e regionais e para as ANDs. Você concorda com esse pleito?

Almir: Sim.

7.1) Por que?

Almir: Porque isso proporciona transparência ao filiado e maior responsabilidade por parte dos representantes e dirigentes sindicais.

8) O Conselho Nacional paga Verba de Representação (VR) aos diretores nacionais (equivalente à comissão de chefe de divisão para o Presidente Nacional e a de coordenador para os diretores nacionais). O Conselho Regional de Brasília também paga VR a seus diretores regionais, mas submeteu essa decisão a uma votação eletrônica (VE) por defender que o financiadores do Sindicato, e não os beneficiados pela VR, decidissem sobre o pagamento. Além disso, o Sinal-DF propôs, e obteve aprovação na VE, que o valor da VR correspondesse a 10% do menor subsídio de analista (cargo mais numeroso do BCB). O que você pensa de pagamento de VR? Em sua opinião, quem deveria decidir a respeito?

Almir: Discordo do pagamento de VR, mas respeito a posição dos demais filados. Considero que os filiados são os únicos com direito a decidir essa questão.

9) Algumas decisões sobre juros, política fiscal e de câmbio sofrem críticas de vários setores. Você acha que o Sindicato deve se posicionar a respeito?

Almir: Até acho que deveria se posicionar, mas não como atividade primordial e sim como acessória e desde que não interferisse na defesa dos temas prioritários: salário, PCS, PASBC, Previdência, Centrus, condições de trabalho etc.

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