Edição 66 – 25/5/2015

Nas entrelinhas, Nelson Barbosa anuncia mais arrocho salarial para os servidores públicos


Quando, por ocasião do anúncio do singelo corte fiscal de R$ 69,9 bilhões, o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão declarou que a despesa de pessoal ficará em 4,1% do PIB neste e nos próximos anos, adiantou que os salários e aposentadorias dos funcionários públicos seguirão, no que depender dele, sendo arrochados, com reajuste inferior à inflação. Como a folha também cresce vegetativamente com as progressões e promoções, da mesma forma que com a urgente e necessária admissão de novos funcionários, pelo menos em substituição àqueles que mui justamente alcançam a aposentadoria, restaria apenas uma parcela da inflação de 8,3% para corrigir a tabela salarial.

A limitação apresentada pelo governo já seria grave em si, pois comprimiria ainda mais o poder aquisitivo do servidor no próximo ano. Mas vem com um agravante: as perspectivas de encolhimento do PIB em 1,2%, segundo as sempre otimistas estimativas oficiais, prenunciam um aperto mais expressivo.

Dá para aceitar calado um ajuste desses, que de maneira alguma beneficiaria os gastos sociais, também severamente cortados? É claro que não, novamente a conta está sendo distribuída aos que trabalham.

Os ataques não pararam por aí: a senadora Gleisi Hoffman (PT/PR), chefe da Casa Civil na maior parte da primeira administração da atual presidenta, apresentou semana passada a PEC 62, que, tentar impedir o legitimo pleito de servidores de carreiras típicas e estratégicas para o Estado brasileiro, que procuram ter seus subsídios fixados de maneira correlata aos fixados para o Poder Judiciário. Procura, com isso, inviabilizar os efeitos da PEC 147A e suas congêneres, prontas para o plenário da Câmara.

Dia 29 os servidores do Banco Central se unirão em Dia Nacional de Mobilização, com indicativo do Sinal de paralisação pela manhã, para levantar sua voz contra essa fatura que nem um pedaço nossa pode ser.

 

E a administração do BC surfa no ajuste para atrapalhar ainda mais o trabalho dos servidores!

Não bastasse os servidores arcarem com parte das despesas de inspeção, capacitação e outros trabalhos de campo, em razão do insuficiente valor das diárias e da indenização de transporte, agora o trabalho interno também dependerá de recursos do próprio servidor, se precisar ter acesso amplo à informação direta ou indiretamente útil ao seu desempenho!

No ocaso da sexta feira, após o apagar das luzes no BC, o Deinf comunicou o aumento das restrições ao uso da internet, sem explicar o efeito financeiro esperado das medidas, que estimamos muito pouco expressivo ante às responsabilidades sociais da autarquia.

Para opinar sobre qualquer tema é necessário estar bem e tempestivamente informado sobre tudo o que ocorre no Brasil e no mundo. Não dá para simplesmente o analista consultar a Artur Andersen. O quê? A Artur Andersen faliu após avalizar os subprimes? Mais seguro liberar plenamente o acesso à internet para formarmos a nossa própria opinião.

 

Enquanto isso

Juíza rejeita queixa crime do Diretor-geral da PF contra o presidente da Fenapef, por matérias veiculadas no sítio daquela federação. Consta que a AGU ajudou a preparar as peças da acusação, uma demonstração clara o uso da máquina pública contra a liberdade sindical.

Segundo a advogada da Fenapef, “o judiciário tem evoluído no sentido de compreender que não configura ilícito a crítica, ainda que severa, aos agentes públicos incumbidos da gestão administrativa da máquina estatal, sobretudo, no ambiente sindical.”

Eis mais um motivo para nos mantermos unidos na luta por nossos direitos. Dia 29 participe das assembleias. A voz de cada um de nós é importante, mas as de todos nós juntas são imbatíveis.

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