Edição 44 – de 23/07/2018

O falso dilema de Sofia!


Uma falsa discussão foi instalada pelo governo Temer com a sua malfadada tentativa de reforma da previdência:

A paridade e a integralidade da remuneração dos funcionários que adentraram ao serviço público federal antes de 2003 – e que são direitos constitucionais! – tornaria impossível melhorar a situação dos  que ingressaram após esta data.

A solução para o “bode” seria simplesmente cassar estes direitos dos que ainda se encontram na ativa.

Pior, lançou a isca de que funcionários aposentados e da ativa estariam agora em lados opostos, visto que seus interesses seriam contrários.

Não há dúvida de que após 2003 e a instituição da Funpresp os horizontes previdenciários passaram a ter parâmetros diferentes entre os membros da categoria. O regime da integralidade e paridade foi extinto e por fim deu-se o golpe de trocar o direito à aposentadoria do servidor por uma aplicação financeira individual, que, embora sendo controlada pelo governo, este não possui a menor responsabilidade pelo sucesso ou fracasso do fundo.

Nos últimos dois anos o alvo foram os remanescentes que contribuíam integralmente, mas para os quais o governo também não quer pagar a aposentadoria. O principal objetivo da reforma no setor público visava o simples corte dos direitos destes servidores civis do executivo, sem precisar mexer em fundamentos políticos espinhosos para o governo como os militares e as remunerações “extra-teto” do legislativo e do judiciário.

A ideia perversa de que a defesa de um direito prejudica a de outro nada mais é que a velha estratégia de “dividir para dominar”.

A diversidade de regimes, assim como a diversidade de cargos, em nada compromete o papel do sindicato como o principal instrumento de luta da categoria, até porque, não custa lembrar, não é o sindicato que decide que propostas aceitar ou rejeitar, e sim a assembleia de todos os funcionários, ficando com os votos da ativa a decisão pela entrada ou não em estado de greve.

A negociação política de bônus, gratificações ou quaisquer outras formas de remuneração só existem quando integram uma pauta de discussão salarial para toda a categoria.

Para qualquer um que consiga pensar “fora da caixinha” da mídia, do mercado e do governo, a ideia de que o sindicato privilegia uma ou outra forma em função dos possíveis beneficiados ou prejudicados é uma sandice.

É como achar que o timoneiro de um barco pudesse colocar todos os passageiros em um só lado do barco.

Isto só pode interessar àqueles que querem que o barco afunde!

O Sinal, com 30 anos de experiência na condução da luta sindical, sabe muito bem que quem rema só de um lado do barco acaba navegando em círculos.

Por isto não caia no canto de sereia daqueles que querem apenas dividir e fragilizar a nossa categoria.

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