Edição 147 – 21/9/2015
Pode vir quente que eu estou fervendo
Sexta feira, 18, Altamir Lopes esteve na sede do BC em São Paulo para receber, dos comissionados da praça, o manifesto que já contava com mais de 350 assinaturas de todo o país. Pouco antes do evento, que ocorreu concomitantemente com assembleia de informes, o diretor recebeu o Conselho Regional do Sinal para uma rápida conversa. Cobrado da sua atuação junto ao Ministério do Planejamento, pela resolução da pauta específica do BC, afirmou não ter sido demandado pelo sindicato para tal, mas que fazia diuturno contato com o secretário Sérgio Mendonça. A respeito das paralisações, confirmou sua determinação em proceder o desconto dos dias parados.
Entre auditório e pátio, novamente mais de duzentos colegas lotados na capital paulista debruçavam-se sobre as questões do reajuste salarial e o realinhamento das carreiras. Perante o auditório lotado, Altamir manifestou apoio ao realinhamento, à proporcionalidade e ao reajuste dos celetistas, medidas necessárias à pacificação da Casa, segundo relatos de participantes, da mesma forma que disse estar plenamente disponível para ajudar no encaminhamento das questões à Secretaria das Relações do Trabalho, embora, frisou, não tivesse sido demandado até então.
Para quê, então, serve a comissão estratégica que integra, criada pelo Presidente Tombini para levar a bom termo as demandas dos servidores? Não terá sido claro o suficiente o pedido de envolvimento direto do presidente, feito em ofício de 26.5.2015?
Se o próprio diretor de Administração afirma que o atendimento às demandas pacifica o ambiente organizacional do BCB, por que precisa de chamamento do sindicato para agir? Antecipar-se aos problemas é princípio básico da boa direção, ajuda mais do que tentar evadir-se da sua responsabilidade ante os chefes de equipe.
Mas há algo mais grave na postura adotada por Altamir.
A mora negocial é claramente do governo, que prometeu conversar, em abril, para concluir todo o processo primeiramente em junho, depois até 21.8 e agora sem prazo definido, mas que já está além daquele em que a LOA deveria, como foi, ser enviada ao Congresso Nacional. A cada instante a postura oficial muda, em geral para pior, alegadamente em razão da crise, procurando espaço para repassar aos servidores públicos parte importante do rombo nas contas públicas. O constitucional direito de greve cabe bem em situações como esta, causada pela Administração da qual a diretoria do BCB faz parte.
A dignidade da pessoa humana também é pétrea cláusula constitucional. Como então se pode conceber suspender o alimento da família e dos dependentes do servidor do Banco Central, quando este exerce o legítimo direito de greve?
Cada um fará o seu julgamento sobre a legalidade da ordem de cortar o ponto. Mas nossa séria recomendação é que se pague a integralidade do subsídio e dos salários, até que se deslinde a negociação das pautas geral e específica.