Edição 029 - 20/04/2020

PRÊMIO NOBEL DE ECONOMIA DE 2020: O CORONAVÍRUS

Conforme a Agência Bloomberg,  em 5 de abril, o Governo espanhol está trabalhando para lançar uma renda básica universal o mais rápido possível, como parte de uma série de ações destinadas a combater o impacto da Pandemia de Coronavírus, de acordo com a ministra da Economia Nadia Calvino.

Mas a ambição mais ampla daquele Governo é que a renda básica se torne um instrumento “que permanece para sempre, que se torna um instrumento estrutural, um instrumento permanente”, disse ela.

Reza a lenda que Deus criou o vírus para humilhar os médicos, mas o Coronavírus está mostrando que não só: parece que a muitos economistas também.

O mundo hoje é muito pequeno e complexo, mas parece que foi necessário um vírus para demonstrar o que já deveria ser óbvio: nenhuma economia poderá se considerar desenvolvida no futuro se não integrar todos seus habitantes ao seu circuito econômico-social.

Não apenas sob a ótica da produção e do consumo, mas,  principalmente, sob a ótica social.

É necessário que se produza uma cidadania financeira completa, mas não só.

A renda básica universal deve ser uma forma de cidadania independentemente da posição dos trabalhadores (ou pessoas) na produção de bens e serviços ou da sua inserção como consumidor.

E, obviamente, isto tem efeitos econômicos importantes.

Em  uma sociedade menos desigual e medianamente desenvolvida, os gastos em segurança podem ser menores e o sistema de saúde ficar menos sobrecarregado com vítimas de violência e, com isso, sobrar mais recursos para investir em bens públicos.

A ideia liberal de que o mundo só vai para frente por intermédio da concentração de riquezas nas mãos daqueles que podem investir morreu com a enorme crise de 1929.

Essa foi uma crise econômica e especulativa como várias outras, mas que, daquela vez, teve fortes ramificações globais. (Como sabemos, a crise de 29 não foi uma crise qualquer).

Ela também gerou milhões de desempregados, doentes e mortos.

Na ocasião, ganharam notoriedade as histórias de dezenas de investidores que saltavam para a morte dos seus escritórios em Wall Street.

No entanto, não tiveram o mesmo destaque os milhões de mortos por fome e doenças que também ficaram pelo meio do caminho.

Depois, Keynes revolucionou a teoria econômica com uma simples observação: sim, os donos dos mecanismos de produção podem investir, mas não necessariamente.

Eles podem simplesmente embolsar o seu lucro e manter seus recursos em forma monetária, líquida, à espera de dias melhores (a ex-presidente Dilma parece que pulou esta aula).

Keynes salvou o capitalismo dizendo o óbvio: em tais condições, cabe ao Estado fazer a engrenagem girar novamente.

Aliás, o que o presidente Rooselvelt vinha fazendo nos EUA com o programa econômico New Deal, já em 1933.

Ironicamente, foi Adolph Hitler, com sua ambição bélica, que colocou a Alemanha em situação de Pleno Emprego já em 1936.

É claro que isto não o tornou um Keynesiano, não subestimamos o horror do Estado Nazista, mas não há dúvidas que o Pleno Emprego foi decisivo para o apoio popular que ele teve para o seu projeto monstruoso.

O fim da Segunda Guerra Mundial reforçou a abordagem Keynesiana com o Plano Marshall e a criação de organismos internacionais como o FMI e o Banco Mundial propiciou uma demorada, mas segura, recuperação econômica.

A década de 70, com suas inovações tecnológicas na área de comunicação, deram o ensejo a um capitalismo financeiro cada vez mais vigoroso, e, não por acaso, o renascimento do discurso concentrador de renda e riqueza foi formatado em um discurso neoliberal.

Nele a desigualdade social é vendida apenas como um efeito colateral inerente ao crescimento econômico que este regime proporcionaria.

Os últimos 50 anos apresentaram um constante fluxo de capitais internacionais rodando o planeta em busca de oportunidades de investimentos fáceis.

Recepcionados com festa em países em desenvolvimento, mas que ao menor sinal de instabilidade saíam com a mesma velocidade com que entravam, deixando em troca crises cada vez maiores.

Ocorre que o dilema é falso.

Lugares como Suécia, Dinamarca e Noruega reduziram a diferença entre ricos e pobres ao mesmo tempo em que preservaram os benefícios básicos do capitalismo.

O modelo nórdico não é preto ou branco.

Não é nem capitalismo, nem socialismo.

Todos são livres para empreender ou trabalhar, com baixíssimas restrições, porém todos devem contribuir para o Estado.

A sociedade construiu um modelo de Estado de Bem-Estar Social mínimo com base no desenvolvimento de sua estrutura tributária.

Estrutura esta que não podia asfixiar empresários ou trabalhadores.

Não caíram no dogma de que todo o capital precisava receber benesses fiscais para ser produtivo.

Se não pode competir, sai do mercado para dar espaço a outro.

Também não permitiram que os benefícios sociais, pequenos no início, fossem capturados por políticas populistas de governo.

Enfim, o segredo foi que todos os agentes cresceram ou sofreram revezes juntos e por isto todos têm um forte compromisso para com a sociedade que construíram.

Nunca existiu qualquer milagre econômico por lá.

O crescimento econômico era partilhado por todos, com melhores benefícios sociais.

O Brasil passa hoje por algo muito perto do que chamaríamos de um fundo do poço: recessão econômica aliada a uma obscena desigualdade social.

Estamos muito longe destes exemplos que citamos.

Mas podemos decidir recomeçar.

A matéria mais importante hoje é uma Reforma Tributária que crie uma cidadania financeira real para todos os brasileiros.

Para quebrar esta estrutura temos que “desprivatizar” o atual sistema, frear os famosos “donos do orçamento”.

É imprescindível que o Estado Brasileiro pare de ser uma máquina de arrecadação tributária regressiva exclusivamente para sustentar os interesses políticos e financeiros de nossa elite econômica, que estão também alojados em todos os poderes da República.

Quem sabe no futuro poderemos dizer que toda a transformação que conseguimos começou apenas com um vírus!

CAMPANHA SINAL-RJ DE COMBATE AO CORONAVÍRUS

FIQUE EM CASA!

Distanciamento social: até quando?


*vídeo youtube


Insensibilidade em relação aos velhos:
efeito colateral da pandemia

 Crise faz brotar compaixão e empatia, mas também demonstrações de intolerância e preconceito

Um amigo meu que, se não fosse pelos cabelos brancos, não pareceria estar na casa dos 60, levava o cão para passear às seis da manhã quando ouviu o grito de um ciclista: “o que você está fazendo na rua? Vai pra casa, velho!”. Não se trata de cuidado, preocupação. É puro preconceito. Uma crise sem precedentes como a pandemia do novo coronavírus pode fazer brotar uma onda de compaixão e empatia, mas também abre as comportas da insensibilidade, da intolerância, da mesquinharia.

Nas redes sociais, há exemplos de sobra em comentários mesquinhos como: “eles já iam morrer mesmo, eram velhos”. Ou “velhos estão ocupando espaço nos hospitais que deveriam ser usados para salvar os mais jovens”. Essa é uma visão que desumaniza os idosos, indivíduos que trabalharam, deram sua contribuição à sociedade, formaram família e são pais, avós, amigos, colegas de trabalho. Eles não compõem uma massa sem rosto, pertencem às nossas redes de afetos.

O preconceito não é apenas brasileiro. Mês passado, foi divulgado um estudo do Centre for Ageing Better, na Grã-Bretanha, que mostra que os britânicos também discriminam os velhos. Pelo menos um em cada três idosos foi vítima do chamado ageísmo, que vem de ageism, em inglês – em português, usa-se o termo idadismo, que eu acho bem esquisito. O preconceito é uma combinação do que se pensa sobre a velhice, isto é, os estereótipos relacionados ao envelhecimento; de como as pessoas se sentem em relação à velhice, que engloba os preconceitos; e que tipo de comportamento resulta dessas ideias, ou seja, como a discriminação efetivamente acontece.

Segundo a pesquisa, no ambiente corporativo, os mais velhos são vistos como profissionais com menor nível de desempenho e capacidade de aprendizado, que custam mais que os jovens; na área da saúde, são associados ao declínio físico; e, na mídia, expressões como “tsunami prateado” e “bomba-relógio demográfica” ajudam a cristalizar essa percepção negativa, impactando a autoestima e o bem-estar de quem está nessa faixa etária. Na entrevista que fiz recentemente com o geriatra Daniel Lima Azevedo, ele afirmou: “uma sociedade que não cuida de seus idosos é uma sociedade que perdeu suas referências”. É fundamental que não percamos isso de vista.

Por Mariza Tavares – Jornalista, mestre em comunicação pela UFRJ e professora da PUC-RIO, Mariza escreve sobre como buscar uma maturidade prazerosa e cheia de vitalidade.

Fonte: https://g1.globo.com/bemestar/blog/longevidade-modo-de-usar/post/2020/04/19/insensibilidade-em-relacao-aos-velhos-efeito-colateral-da-pandemia.ghtml


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