Edição 066 – 14/06/2022

QUANTO VALE A PALAVRA DE RCN E DA DIRETORIA?

QUANTO VALE A PALAVRA DE RCN E DA DIRETORIA?

O ano de 2022, independente do desfecho pecuniário desta Greve, já entrou para a história da nossa Categoria.Temos colecionado lições valiosas, principalmente políticas.

Sim, políticas.

Entender como os dirigentes do BACEN operam é uma lição política.

Muitos Colegas entraram na greve acreditando que política nada tinha a ver com o movimento.

Era simplesmente uma luta por salários e combate à assimetria entre as Carreiras Típicas de Estado.

Acreditavam poder contar com o presidente da Instituição e com a Diretoria.

Afinal de contas, pensavam eles, “estamos todos no mesmo barco”.

Os últimos seis meses e as idas e vindas de RCN nos ensinaram que existe uma grande diferença dos pontos de vista de quem está no convés admirando o por do sol e de quem está remando num porão quente e abafado.

Nas reuniões com as três Entidades Representativas o presidente do Banco logo se pronunciou contra o reajuste dos Servidores.

Posição política alinhada com o Governo e com a FEBRABAN.

Não lhe era conveniente criticar abertamente a farra de gastos do Congresso.

Ali, o discurso de austeridade era só para marcar posição.

Porém RCN e a Diretoria também viram uma clara oportunidade de introduzir uma “Taxa de Fiscalização” como uma fonte de recursos extra-orçamentários para os seus futuros projetos.

A perspectiva de um Reajuste exclusivo para as Carreiras Policiais exigiu um recuo tático: iria ao Governo defender o Reajuste para nossa Categoria, caso a ampliação da discriminação entre as Carreiras se confirmasse.

Jogava para o futuro qualquer compromisso mais explícito com nossa Categoria.

Afinal de contas, o próprio Governo havia jogado para a frente sua decisão, acenando com um simbólico 5% de Reajuste para todos.

É claro que esta decisão, longe de acalmar, apenas atiçou a revolta dos Servidores, que perceberam que estavam sendo enrolados.

O “voto de confiança” estava se derretendo.

Percebendo-se acuado pela Greve que a princípio imaginou que poderia influenciar, deu luz verde para a entrega da Minuta de uma MP contemplando vários itens da Pauta Remuneratória e não Remuneratória, dando ampla divulgação da Minuta.

Infelizmente este “novo” RCN durou apenas algumas horas.

O teatrinho do “mal-estar” do Ministério da Economia e a possibilidade de desgaste com o Governo o fez recuar novamente na sua posição.

O terror de ser politicamente “queimado” pelo Governo e pelo Congresso foi tão grande que RCN aboliu qualquer ideia de enviar Reivindicações Remuneratórias.

A nova minuta, agora tratada como Segredo de Estado, só contemplaria a Taxa de Fiscalização.

As informações tiveram restrita circulação.

Buscava se distanciar de qualquer crítica do ME.

A única coisa que conseguiu foi lançar gasolina na fogueira.

Até Chefes de Departamentos ficaram revoltados com esta “deserção” vergonhosa dos compromissos assumidos.

Uma contraproposta foi integrada “a forceps” na referida MP e entregue ao ME.

Diante desta pressão inusitada, o presidente e sua Diretoria alegam que envidarão todos os esforços pela tramitação da Minuta no ME e no Congresso.

Será?

Quem tocará esta demanda, o RCN da MP “Viúva Porcina” ou o RCN da MP “fantasma”?

Os dias em que alguém pensava que estávamos no mesmo barco ficaram definitivamente para trás.

Cabe à Categoria definir as suas opções e aprender a seguir seus passos sem se fiar em fantasias e utopias.

 

 

CONCURSO “1o. DE MAIO,
DIA DO (A) TRABALHADOR (A)”

A Filiada Simone Paiva Daumas foi a ganhadora do Concurso “1o. de Maio, Dia do (a) Trabalhador (a)”, promovido pelo Sinal-RJ.

O Concurso consistiu na produção de texto acerca do Filme “Você não Estava Aqui”.


Os Prêmios conquistados pela Colega Simone foram uma Cesta de Café da Manhã personalizada e a Publicação de seu texto sobre o Filme nas diversas Mídias do Sinal-RJ.

Nossos sinceros e efusivos Parabéns à Simone.

O cinema político de Ken Loach e
a desmistificação da ideologia neoliberal

Simone Daumas

         Graças à pandemia que assolou a humanidade em março de 2020, a ideia de Estado mínimo, embutida na ideologia neoliberal, caiu por terra, ficando evidente que investimentos estatais em saúde pública e em programas de proteção e assistência às pessoas e empresas mais vulneráveis seriam necessários para enfrentar a crise sanitária e econômica.
            No entanto, o fenômeno da precarização das condições de trabalho, outro pilar do neoliberalismo, se alastrou ainda mais por um grande contingente de pessoas, em meio ao índice recorde de desemprego, agravado pela pandemia. Com o aumento da demanda,  surgiu uma nova legião de entregadores de mercadorias e de alimentação em domicílio.
            Nos últimos anos, diante dos efeitos duradouros da crise econômica de 2008 e do consequente aumento do desemprego, um conjunto de ideias ganhou força no imaginário popular: a necessidade de flexibilização das leis trabalhistas para a criação de novos postos de trabalho, a inutilidade dos sindicatos e as vantagens do empreendedorismo individual. Tal ideário, muito disseminado na mídia, facilitou a aprovação da reforma trabalhista brasileira em 2017. Entretanto, a criação de novos postos de trabalho depende do aquecimento da economia, não da retirada de direitos trabalhistas, como ficou comprovado depois. Segundo a CUT, a reforma trabalhista completou três anos “sem gerar os 6 milhões de empregos prometidos e com um exército cada vez maior de trabalhadores e trabalhadoras informais e sem direitos”.
            Como um conjunto de ideias tão prejudiciais aos trabalhadores pode ser inculcado e propagado por eles mesmos? Discutindo o conceito de ideologia, o filósofo Terry Eagleton elenca várias definições, sendo que uma delas se encaixa perfeitamente aqui: “ideologia significa as ideias e crenças que ajudam a legitimar os interesses de um grupo ou classe dominante, mediante sobretudo a distorção e a dissimulação”.[1] Em outras palavras, a ideologia dominante “cola” na mente do sujeito se encontra ali um terreno fértil, ou seja, desejos genuínos que ela, de forma ilusória, promete satisfazer.
            Ganhar dinheiro por conta própria é um sonho para muitos, pois parece implicar mais chances de sucesso e liberdade, inclusive para estabelecer a própria jornada de trabalho. O que se oculta aqui é que o “empreendedor individual”, além de não ter os direitos garantidos aos empregados formais, como férias e 13º salário, arca sozinho com oscilações em seus ganhos e não tem garantia de aposentadoria ou pensão, em caso de invalidez, velhice ou morte. Quanto à jornada, ele precisa dedicar mais horas ao trabalho, para garantir o seu sustento, do que um empregado com salário e horário fixos.
            Vemos a ideologia do empreendedorismo individual em operação e, ao mesmo tempo, em processo de desmonte, assistindo ao filme Você não estava aqui (2019), do cineasta Ken Loach. Trata-se da história de um trabalhador que cai na armadilha de um discurso ideológico e se vê depois à mercê de uma grande empresa de logística, que lhe retira o que é mais precioso: o tempo e, junto com ele, a qualidade do convívio familiar.
            A primeira cena é a entrevista de emprego do personagem Ricky, ex-operário da construção civil. Ricky diz que deseja trabalhar sozinho: “ser meu próprio chefe”. O gerente explica que não há contrato de trabalho, nem salário, nem metas a atingir, apenas o pagamento de honorários pela prestação do serviço de entrega de mercadorias, segundo os padrões estabelecidos pela empresa. Ricky responde que esperava por uma oportunidade dessas há muito tempo; não pensa duas vezes e assina o contrato. À noite, ele explica à esposa Abby, que trabalha como cuidadora, que terá seu próprio negócio e será um franqueado da empresa, podendo faturar 1.200 libras por semana, mas ela calcula que para isso ele terá que trabalhar 14h por dia, 6 dias por semana. Mesmo assim, Ricky convence a mulher a vender o carro que ela usa para trabalhar, para dar entrada no financiamento de um furgão, seu novo instrumento de trabalho.
            É curioso, para não dizer cruel, que um trabalhador tenha que contrair uma dívida para poder trabalhar. Assim, voltamos mais de 70 anos atrás para fazer um paralelo com o filme Ladrões de bicicleta (1948), ícone do neorrealismo italiano, no qual o personagem Antonio penhora suas roupas de cama para comprar uma bicicleta, necessária para conseguir o emprego de colocador de cartazes, no contexto do pós-guerra na Itália.
            No filme do cineasta britânico, acompanhamos Ricky, sempre de cenho franzido, tenso e apressado, literalmente correndo para entregar encomendas, em prazos exíguos, para clientes hostis. Ao mesmo tempo, assistimos à pesada rotina de Abby, cuidando pacientemente de idosos e deficientes em seus domicílios, em jornadas exaustivas. Sobra pouco tempo para o casal cuidar dos dois filhos. Aos poucos, o que era sonho revela-se um pesadelo. Ricky percebe que não tem autonomia nenhuma, pois deve cumprir horários rígidos, não tem tempo sequer de ir ao banheiro, nem pode tirar um único dia de folga.      A tese de fundo é que o grande capital ilude o trabalhador para retirar-lhe direitos, transferir-lhe riscos e, consequentemente, exorbitar seus lucros. O filme revela a realidade por trás da ideologia mistificadora e retrata a precarização da vida, subtraída pelo trabalho, no capitalismo do século XXI. Desnuda, a ideologia torna-se repulsiva e frágil como um esqueleto ambulante.
[1] EAGLETON, Terry. Ideologia: Uma introdução. Trad. Luís Carlos Borges et al. São Paulo: Unesp/Boitempo, 1997, p. 39.

 

MODELO DE E-MAIL A SER ENVIADO AO PRESIDENTE DO BANCO,
À DIRETORA DE ADMINISTRAÇÃO E AO CHEFE DO DEPES.

ASSUNTO: REAJUSTE SALARIAL URGENTE!!!

presidencia@bcb.gov.br;  secre.dirad@bcb.gov.br;  gabin.depes@bcb.gov.br

Solicito sua urgente tomada de providências com vistas ao Reajuste Salarial dos Servidores do Banco.

Entramos no terceiro ano sem Reajuste Salarial, frente a uma inflação que só no ano passado superou os 10%.

É de 26,3 salários a perda acumulada de agosto-2010 a outubro-2021.

O Sr., dirigente maior de uma Instituição do Estado Brasileiro tão bem sucedida e premiada, nacional e internacionalmente, não deve fechar os olhos diante da grave erosão salarial de quem produz tais resultados, os Servidores do Banco.

Não dá mais para esperar!

No aguardo de sua urgente manifestação.

 

ATÉ QUANDO?

O gráfico ilustra a defasagem salarial em relação ao patamar de julho de 2010, considerando as três parcelas de reajuste de 5%, concedidas em janeiro de 2013, 2014 e 2015, as parcelas de 5,5%, em agosto de 2016, 6,98%, em janeiro de 2017, 6,64%, em janeiro de 2018, e 6,31%, em janeiro de 2019, conforme acordos celebrados com o governo.

Ressalta o corrosômetro a estimativa1) da perda salarial acumulada de agosto de 2010 a março de 2022, em termos de quantidade de salários atuais (cristalizados desde janeiro de 2019), deixados de receber no período.

1) Somatória das defasagens salariais (incluem as do 13º salário) calculadas em cada um dos meses do período, corrigidas pela variação do IPCA acumulado até março de 2022.

22 de abril de 2022.

 

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O Sinal-RJ se coloca à disposição para esclarecer eventuais dúvidas sobre
os Demonstrativos Contábeis por intermédio do e-mail financeirorj@sinal.org.br

Sinal: 1.323 Filiados no Rio de Janeiro, em 14.06.2022

 

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