Edição 0 - 22/11/2002

Assédio moral: prática nefasta que urge debater

O ass‚dio moral vem sendo discutido h  pouco tempo, mas ‚ pr tica antiga no universo do trabalho, conforme afirmou o Sr. Roberto Heloani, psic¢logo paulista, em palestra no VIII Conaf (Congresso Nacional dos Auditores Fiscais), realizado em Belo Horizonte pela UNAFISCO nos dias 13 e 14 de outubro £ltimo.

O debate sobre o tema, “Mundo do trabalho: independˆncia sindical, ‚tica e cidadania”, contou tamb‚m com a presen‡a do deputado federal In cio Arruda (PC do B – Cear ), autor de projeto que trata desse assunto.

O psic¢logo tem dedicado suas pesquisas a esse estudo. O ass‚dio moral ‚ um somat¢rio de esfor‡o intencional de desqualifica‡Æo profissional com abuso do poder, e consegue destruir profissional e emocionalmente as pessoas. Segundo o psic¢logo, 47% de seus pacientes com depressÆo tinham sido v¡timas de ass‚dio moral, descrito por ele como “algo que nasce com pouca intensidade e, depois, propaga-se com for‡a. Assemelha-se a uma gripe, que vai tomando o corpo”.

Sua experiˆncia profissional na  rea o faz citar os preconceitos envolvidos na questÆo “O Superintendente exige, o chefe obedece e o subordinado executa com zelo”:

1) as sutilezas da perversidade, a pol¡tica do “dividir para reinar”;
2) o ass‚dio moral ‚ uma cultura do tipo “repetir o que o chefe faz” (at‚ nos
sindicatos, infelizmente, est  presente essa atitute, pela influˆncia exercida pelo
“Sindchefe”).

H  relato de caso de um sindicalista da Receita Federal que, ao retornar ao trabalho, ap¢s tratamento psiqui trico diagnosticado como ass‚dio moral, “se tornou um funcion rio med¡ocre e tamb‚m um sindicalista ausente”.

Indaga‡äes do chefe tais como “Por quˆ vocˆ nÆo trabalha mais, ou mesmo aos s bados, para compensar o tempo que dedica ao sindicato?” ou frases do tipo “Use o bom senso”,”Tenha jogo de cintura”, “NÆo prejudique gente de bem”, “Tenha cuidado com sua carreira”, “Para quˆ participar de movimentos reivindicat¢rios?” etc fazem parte de uma rela‡Æo perversa em que bons profissionais sÆo aos poucos transformados em lixo, conforme afirma Roberto Heloani.

O deputado In cio Arruda afirmou que o servidor p£blico ‚ assediado moralmente quando sofre pela desqualifica‡Æo de seu trabalho e que, no atual governo, foi gerado um ambiente de inseguran‡a generalizado que mexeu profundamente com a auto-estima da popula‡Æo, tornando o bom profissional presa f cil da humilha‡Æo p£blica.

Sugeriu que o modelo neoliberal propicia o ass‚dio moral, pois que desde o liberalismo de Adam Smith “retirar-se direitos de na‡äes e incorporar modelos econ“micos externos” ‚ uma velha hist¢ria. Essa seria uma justificativa para blindar a Receita Federal e o BC, gerando uma coa‡Æo moral coletiva a seus servidores e a seus representantes sindicais, desmontando direitos trabalhistas e sociais e a presen‡a do
Estado.

Segundo ele, o ass‚dio moral na  rea p£blica se d  de modo indireto e de forma lenta, causando primeiro a perda da auto-estima, levando ao desinteresse profissional e finalmente a v¡cios, tratamentos psiqui tricos e at‚ … perda do emprego ou aposentadoria precoce da v¡tima. Citou v rios aspectos legais que devem nortear
a‡äes contra o ass‚dio moral na  rea, refor‡ando que os sindicatos devem estar preparados para orientar filiados nessa questÆo, colocando-se a seu dispor para esclarecimentos e assistˆncia jur¡dica ou pol¡tica.

O parlamentar informou que h  outros projetos sobre o assunto tramitando na Cƒmara e considera que, como legisladores, os deputados devem nÆo s¢ apresentar projetos que tratem do assunto, mas estimular seu debate junto … sociedade civil para, entre outras razäes, estimul -la a, organizada, pressionar o Congresso no sentido de sua inclusÆo na pauta e discussÆo ampla.
Veja tamb‚m: www.assediomoral.org

Acesse no Portal SINAL www.sinal.org.br / Indice / Ass‚dio Moral – a p gina sobre “Ass‚dio Moral” com mais mat‚rias sobre o assunto.

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