Edição 71 - 16/07/2007

Entendimento sim. Atropelo não.

 

A partir da última quinta-feira, 12.07, após a reunião do Diretor Gustavo com as chefias, vários departamentos iniciaram consultas para avaliar a disposição do funcionalismo quanto à realização de horas extras visando compensar os dias em greve, para, segundo a Dirad, que se evitem novos descontos salariais, além daquele que já foi efetivado.

A proposta poderia até ser vista com outros olhos. Poderia.

Não tivesse partido ela justamente de quem, de forma apressada, descontou (ou aceitou que o governo determinasse o desconto, o que dá no mesmo) sete dias dos nossos salários, simplesmente porque exigimos o cumprimento de um direito nosso, finalmente reconhecido.

Agora, na reta final de uma conturbada negociação, onde a tônica tem sido a tentativa do governo de nos colocar como "exemplo" para intimidar todo o funcionalismo federal, combinada com uma frustrante passividade da diretoria do Banco – na pessoa de seu Diretor de Administração -, surge essa proposta, descrita pelo autor como contraposição à ameaça de novo desconto, feita pelo Governo na última reunião da Mesa. Curiosa transformação.

Não podemos negar que, caso verdadeira, essa postura, expressa na proposta submetida ao funcionalismo, pode significar um avanço na posição demonstrada até agora pela alta direção do Bacen. Porém, não podemos deixar de considerar que, apesar de estar correta na concepção – o contraponto de horas extras à compensação dos dias em greve -, ela erra redondamente o alvo, pois pressupõe como "carta fora do baralho" os sete dias já descontados e cobra um novo esforço do funcionalismo em troca de alguma coisa que ainda está sendo negociada.

Sr. Diretor, em nenhum momento o funcionalismo do Bacen, representado pelo SINAL, abriu mão de recuperar aquilo que nunca aceitou que lhe fosse retirado. Qual o fundamento para a compensação de uma parte dos dias em greve e outra não?

Além do mais, se o Presidente Meirelles e a Dirad entendem que agora é possível construir uma alternativa à política de retaliação encabeçada pelo Governo, restaurando a soberania desta respeitada instituição, que o façam de forma responsável, buscando um caminho que os aproxime dos reais interesses dos servidores do Bacen, não o contrário.

Não será tentando enquadrar administrativamente uma demanda de caráter político, repetindo mecanismos de intimidação, do tipo, "quem não concordar em compensar, pode ser descontado…", ou, aplicando uma política de fato consumado, do tipo, "temos que montar os planos de compensação até 5ª feira próxima…" que a Dirad se qualificará para essa contenda. Esse não é o caminho.

Nunca nos furtamos ao entendimento. Por isso, não tem cabimento a Dirad formular uma proposta de compensação de horas sem ouvir o funcionalismo, tumultuando o difícil processo de negociação em curso e criando um clima de confusão junto ao corpo funcional.

Ou o Banco Central busca o entendimento ou assume os riscos de uma estratégia isolada que pode resultar em novos prejuízos à categoria.

Nesse sentido, o SINAL esclarece que:

  • toda iniciativa que busque encaminhar horas extras como compensação do período da greve deve ser vista de forma positiva;
  • o conjunto de horas a ser compensado deve incluir, obrigatoriamente, o correspondente aos sete dias já descontados anteriormente;
  • não contribui para a necessária solução o encaminhamento açodado e unilateral de qualquer plano de compensação de horas que não contemple, a priori, o período já descontado;
  • o SINAL entende que o fortalecimento da posição institucional, em contraposição às propostas que contemplem descontos salariais, passa, inevitavelmente, pelo entendimento imediato das forças envolvidas: o funcionalismo, por meio de sua representação de classe, e a Diretoria da Casa.

 

Clique aqui para ver o Apito Brasil na versão PDF

Edições Anteriores RSS
Matéria anteriorQuem vai repor o trabalho pelo qual formos descontados?
Matéria seguinteSINAL-SP INFORMA nº 173, de 17.07.07: Sobre proposta da última assembléia em São Paulo