Edição 70 - 12/07/2007

Quem vai repor o trabalho pelo qual formos descontados?

 

Negociador pelo Governo apresentou proposta sem conteúdo,  

aumentou as dúvidas e não esclareceu questões fundamentais.
 

 

Ao bater o pé na questão do desconto pecuniário dos dias em greve, agora com a absurda proposta da sua ampliação, que, segundo o Secretário Duvanier, passaria a ser de 11 dias, ou seja, 4 novos dias a serem descontados, além dos 7 que já nos foram subtraídos, o Governo confirmou sua intenção de politizar a questão, ao assumir que não tem dados que sustentem o desconto proposto.

 

Com o claro objetivo de nos colocar como "exemplo" e de tentar quebrar o ânimo do funcionalismo do Bacen – a categoria que mais lutou pelos seus direitos nos últimos anos – , o Governo mais uma vez fez "ouvidos de mercador" aos nossos apelos, e o mais grave: portou-se como um rolo compressor nas questões internas do Bacen, numa inédita intervenção nos assuntos da Casa.

 

Assim, na ânsia de obter dividendos políticos com o nosso desconto, o representante palaciano lançou uma proposta "sem pé, nem cabeça" que revelou, antes de tudo, a falta de embasamento técnico da proposta, não conseguindo responder a diversos questionamentos que, naturalmente, sua proposição suscitou.

 

A proposta (??) apresentada divide em três partes a forma de reposição do trabalho atrasado, a partir de um total de 37 dias:

 

1ª – Esforço concentrado (durante o expediente) – 40%, equivalentes a 15 dias;

 

2ª – Extensão do trabalho (compensação de horas) – 30%, equivalentes a 11 dias;

 

3ª – Desconto salarial – 30%, equivalentes a 11 dias. (7 + 4)

 

A 3ª parte, correspondente a 4 dias (11 – 7) seria descontada em "suaves prestações", na ordem de um dia por mês – sem esquecermos os sete dias que não serão devolvidos.

 

Ao ser questionado sobre como chegou a esses números, o negociador-chefe perdeu a calma e deixou sem resposta diversas perguntas, dentre elas:

  • em que levantamento se baseou para chegar ao total de 11 dias que sugeriu serem descontados? 
     

  • quem reporá o trabalho referente aos dias que forem

    descontados?
     

  • quem manteve serviços essenciais em funcionamento durante a greve, mas não assinou o ponto, também será descontado?

     

     

  • Os funcionários que não participaram da greve, mas que ficaram sem ter o que fazer naquele período, em função da abrangência do movimento, serão descontados?

     

  • Nos casos em que os 30% não forem suficientes para reposição do trabalho, haverá hora extra? Elas serão pagas ao servidor ?
     

  • O desconto será igual, mesmo para quem permaneceu na greve por períodos diferentes?

  • Sem que o governo responda a essas perguntas, não se pode avançar na negociação: o Secretário Duvanier deveria ser o primeiro a saber disso.  Mas como responder o que não pode ser respondido?   Como justificar o que é injusto?


    Ficou evidente que o Governo cometeu uma "barbeiragem política" ao colocar na Mesa uma proposta inconseqüente, que terá como  resultado imediato a interrupção dos tímidos esforços de reposição do trabalho atrasado que estavam em andamento no Banco, pois agora ninguém mais vai querer repor trabalho atrasado, sabendo que corre o risco de ser descontado em mais quatro dias de salário.

     

    A "lambança" federal jogou por terra, inclusive, a desgastada iniciativa da Dirad, que, em reunião com as chefias do Bacen, sugeriu que se implementasse a reposição dos trabalhos atrasados como forma de se justificar uma contraposição ao desconto salarial. E agora, Diretor Gustavo? Será que o Presidente Meirelles está concordando com essa intervenção na Instituição que preside?  Quem cala, consente.

     

    Na próxima reunião, 5ª. feira, dia 19.07.2007, cobraremos as  justificativas do governo e reafirmaremos nossa disposição de não  aceitar o desconto salarial de um minuto sequer. Não vamos deixar nenhum ponto sem resposta. Esse é o nosso ânimo, que, por sinal, continua inalterado.

    Para maiores detalhes, leia o relato do que
    aconteceu na reunião no sítio do SINAL.

     

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