Edição 57 - 22/04/2008

Anthero Meirelles em BH:


No dia 18.04, sexta-feira passada, deu-se em Belo Horizonte um encontro do Diretor de Administração com os funcionários da Regional. O evento contou com a presença do Presidente Nacional do SINAL, David Falcão, aproximadamente cem servidores, durou 2h45 e não trouxe grandes novidades, no que toca à negociação salarial com o governo. 

Abaixo, um relato condensado do que foi dito na reunião.

O que disse o Diretor Anthero:

Quanto à negociação salarial: Anthero Meirelles falou do quadro de indefinição, que excetua a PF, mas envolve Advocacia Geral da União, Receita Federal e Ciclo de Gestão.

Chamou a atenção para o grande problema do MPOG: delegados e peritos da PF terem sido guindados ao teto do salário do Executivo, principalmente depois da perda dos recursos da CPMF.

Daí a tentativa do governo de lidar com as outras categorias tentando criar "descolamentos" entre elas: esse artifício evitaria uma futura estratégia conjunta e equilibrada por parte delas.

Nesse ponto, colocou a posição da direção do BC: a Instituição não pode ficar atrás dessas carreiras.

A não entrada/saída de servidores competentes e a concorrência autofágica no Executivo, além da que existe na iniciativa privada e nos outros dois poderes inviabilizariam a gestão do BC em futuro próximo.

Baseados nessa premissa, Anthero Meirelles e, imediatamente após, a Direção colegiada do BC, à frente o próprio Presidente do Órgão, recusaram a proposta apresentada pelo MPOG, no dia 7 último.  Pelo entendimento de que ela não atendia aos interesses do BC, a proposta – nos mesmos quantitativos da oferecida ao Ciclo de Gestão – foi rejeitada.

O resultado da negativa foi um impasse: o SRH do MPOG alegou que chegara, com aquela oferta, ao seu limite de competência, e a partir daí, não se teria como avançar, a não ser elevando o nível de interlocução.

Quanto à migração para o subsídio: apesar de alertar para a necessidade de se ter especial cuidado quanto ao tema – grande parte do funcionalismo poderia ser prejudicada na transposição – revelou otimismo em relação a avanços, dado o envolvimento da diretoria do BC, do próprio presidente Meirelles e de um bom entendimento firmado com o governo.

Disse que, passada a semana da reunião do Copom, com o BC diante de grande visibilidade e imensa exposição, serão retomadas as negociações junto ao governo, com vários contatos ao longo desta semana.

Finalizou avaliando o quadro como indefinido, e o cenário de muita luta pela frente.

O que disse David Falcão:

O presidente do SINAL enfatizou a atuação do sindicato via "construção por dentro" junto ao Banco/Governo/Parlamento, com foco no mandato passado pela categoria: cumprimento do acordo financeiro e equiparação salarial com a RFB sob a forma de subsídio.

Acrescentou que deve haver uma unidade interna à Instituição, com a Direção do Banco, visando atuar pragmaticamente no interesse da categoria e do Órgão.

A estratégia, então, seria não avançar além do que deve ser a cada etapa, o que acarreta riscos, mas também pode redundar no maior avanço já obtido pelo funcionalismo: mudança substancial de patamar salarial, integração ao bloco do topo de carreira do Executivo e pacificação da categoria, com o olhar voltado para o futuro e a rediscussão do papel do BC no contexto social.

Ao final de sua exposição, David concordou com o Diretor quanto ao quadro sem novidades, e recomendou à categoria (mais) paciência e pronta mobilização, no que se refere à sua relação precípua com o Sindicato: assembléia e greve.

Dúvidas e esclarecimentos após as exposições:

1.      Avaliação de desempenho: Anthero informou que realmente existe essa demanda do governo, que precisa ser implementada, mas nada ainda foi colocado na Mesa nesse sentido em relação ao BC, como proposta e/ou condição.

O assunto é complicado e difícil mas, ao mesmo tempo, é uma questão importante. Para o Diretor, no BC há uma distribuição pouco uniforme dos esforços de trabalho e não existe ação gerencial coordenada neste sentido, o que não lhe parece uma forma adequada para tratar com recursos públicos. O ideal seria que não se precisasse avaliar, mas que entende não ser esse o nosso caso, defendendo um sistema de avaliação que motive e valorize o funcionário e a Instituição.

O Diretor de Administração registrou que, em termos salariais, o que for oferecido ao Ciclo de Gestão será, na ótica da Direção do BC, o ponto de partida para o aval da Diretoria, rumo à equiparação salarial com a Receita Federal do Brasil. Comentou que, vista por esse prisma, a equiparação com a RFB é viável, porém improvável.

Anthero disse ainda que a estratégia do MPOG – descolar uma categoria das outras – reflete uma situação de água empoçada: onde houver um furinho, ela vai vazar. No caso do BC, isso foi tentado no último dia 07, na última conversa no MPOG, mas houve a reação imediata e contrária da Diretoria, Presidente Meirelles à frente.

2.      Salário dos técnicos em relação ao dos analistas: em relação a um possível descolamento da relação proporcional do salário dos técnicos ao salário dos analistas, desfavorável aos primeiros, a direção do BC se moverá sempre no sentido de que esse fato não ocorra, para se que mantenham os ganhos para todos.

3.      Aumento da taxa de juros na reunião do Copom da semana passada: em que pese toda a discussão e polêmica havidas, o BC tem uma missão definida e muito relevante para a sociedade e para a economia:  manter a inflação sob controle.

A firmeza no cumprimento dessa missão e do mandato que a outorga é decisiva para a reafirmação da autonomia do BC. O processo pode custar algum desgaste para a direção do BC, mas os seus resultados serão produtivos em relação aos interesses da Nação. E, ao contrário do que muitos pensam, o fato ajuda e reforça todo o processo de negociação salarial em curso.

4.      Quanto à retomada das negociações: Anthero declarou que, passada a semana agitada pela reunião do Copom, o BC não vai mais aguardar o MPOG, mas sim retomar as tratativas.  Afinal, se a autonomia do SRH do Ministério esgotou-se naquela proposta acenada para o BC, tem-se que discutir e tratar com quem tem mais autonomia, em outro nível de poder, em patamar acima.

David Falcão encerrou o encontro, exortando a categoria a se manter atenta e mobilizada, cobrando do SINAL, a todo instante, o mandato que lhe foi repassado para o cumprimento das metas da campanha salarial: acordo financeiro de 26.11.2007 e equiparação salarial com a Receita Federal do Brasil sob a forma de subsídios.

Edições Anteriores RSS
Matéria anteriorO SINAL não pode parar
Matéria seguinteErramos …