Edição 0 - 13/02/2004

JUROS ALTOS, RATEIO, REAJUSTE ZERO:

As manchetes, em v rios jornais, tˆm repetido … exaustÆo, apesar de nossos bolsos j  o saberem sobejamente: os juros voltaram a subir, a despeito da decisÆo do Banco Central, no mˆs passado, de manter inalterados os juros b sicos da Selic.



Em janeiro £ltimo, configurou-se a primeira alta expressiva nos £ltimos seis meses: a taxa m‚dia para pessoa f¡sica passou de 145% para 150% ao ano.



O que mudou, pergunta-se? Nada, respondem os especialistas. A inadimplˆncia nÆo subiu, o BC manteve os juros b sicos, as taxas na ponta vinham em queda, o panorama econ“mico brasileiro nÆo foi alterado. O conservadorismo do Banco Central visou a atingir a meta inflacion ria anual (a oficial, nÆo a que “d  no bolso”) em torno de 6%.



Estaria ainda influindo nesse aumento de juros a tal ata do Copom do mˆs passado, que, com a sinaliza‡Æo de risco de infla‡Æo, fez mercado, d¢lar e risco-Brasil darem uma cambalhota momentƒnea?



A Caixa Econ“mica Federal, pelo £ltimo balan‡o, teve lucro recorde: R$ 1,616 bilhÆo. E esse valor ‚ inferior aos alcan‡ados por alguns dos bancos privados. O Bradesco, por exemplo, lucrou R$ 2,31 bilhäes. No caso da CEF, a diferen‡a percentual de 2002 para 2003 ‚ somente” 49,5. Que bolso de assalariado brasileiro “engordou” tudo isso?


Bancos e financeiras nacionais j  tˆm n¡vel de provisionamento mais do que suficiente, pelas normas r¡gidas do Banco Central, para suportar eventual inadimplˆncia. Os lucros exorbitantes que come‡am a ser divulgados pelo sistema financeiro sÆo, portanto, absolutamente, e s¢, LUCROS.



Nenhum outro segmento da economia os iguala nesse item, pois que, a lhe facilitar a vida, o sistema financeiro ‚ o £nico a utilizar, al‚m de um sofisticado e exclusivo planejamento fiscal, “brechas” legais que lhe permitem pagar muito menos imposto de renda, em rela‡Æo aos setores produtivos.



O Banco do Brasil, cujas taxas nos dizem respeito diretamente, funciona em instala‡äes cedidas dentro das dependˆncias da autoridade monet ria, com seguran‡a e p£blico certo e exclusivo. Apesar de toda a sabida dificuldade financeira individual que vem enfrentando esse contingente enorme de pessoas, o montante dos proventos e eventuais aplica‡äes dos servidores do BC nos Pocens em todo o Brasil nÆo ‚ absolutamente desprez¡vel.



 um absurdo, portanto, que, sejam cobradas desse p£blico “mamÆo com a‡£car” taxas superiores a 8% em cheques especiais, que sÆo hoje, para muitos, o “complemento” para fechar o mˆs que nÆo cabe mais no sal rio. Talvez a falta de uma concorrˆncia pr¢xima e acirrada seja uma das justificativas para esse procedimento: sendo £nico “no peda‡o”, pode impor as mesmas taxas praticadas com o grande p£blico.



Palavras do pr¢prio presidente da Rep£blica traduzem o pasmo dos brasileiros com as altas taxas cobradas dos consumidores: ele, que vive cercado de gurus econ“micos, declarou na quarta-feira £ltima, ap¢s reuniÆo na Febraban” – Ningu‚m nunca conseguiu me explicar por que em um cartÆo de cr‚dito se paga 12% de juros ao mˆs ou por que um cheque especial, de um cliente que ‚ especial, custa 10% ou 11% ao mˆs.” (*)


Parece, por‚m, que para os bolsos “magrinhos” dos servidores nÆo h  solu‡äes reais no horizonte pr¢ximo. Que o digam os empr‚stimos a “juros de pai pra filho” regulamentados recentemente para eles, por governo e centrais sindicais, junto ao Banco do Brasil, e o graaaande reajuste anual que est  sendo “preparado” pelo governo.



Preocupado com o ¡ndice de satisfa‡Æo popular com o Presidente, que est  baixando, e em ano de elei‡äes, os guardiÆes da moeda nacional (para o FMI) do Planalto Central preparam-se para anunciar o reajuste anual dos servidores, cujos recursos o limitam a um aumento de 2,67%, na melhor das hip¢teses. Uau ! Que beleza ! Reposi‡Æo da infla‡Æo? P’ras calendas …



No pr¢ximo dia 19, o governo vai apresentar suas propostas …s entidades representantes dos servidores. Como no ano passado (1% mais R$ 59,00) o governo calcula que seria poss¡vel, com os recursos dispon¡veis, repetir o percentual (1%) e dar um outro abono, desta vez num valor entre noventa e cem reais. Alguns representantes sindicais aprovam essa modalidade: os sal rios menores sÆo beneficiados.



No entanto, ela confronta a propalada id‚ia do governo de valoriza‡Æo das carreiras t¡picas de Estado. O subchefe de Coordena‡Æo da A‡Æo Governamental da Casa Civil, Luiz Alberto dos Santos, diz que “Um Estado que precisa qualificar seus quadros nÆo pode aplicar uma pol¡tica do tipo Robin Hood” (mudan‡a de discurso: quando “botou na rua” a reforma da Previdˆncia, um deles era esse mesmo – tirar dos servidores, inclusive a “solid ria” contribui‡Æo dos inativos, para a inclusÆo dos sem-previdˆncia).



Ou seja: sal rios estagnados e infla‡Æo camuflada levam vocˆ aos juros banc rios. Claro! Vocˆ nÆo est  mais dando conta de honrar os compromissos. Um ano se passa, e l  vem o governo com a cantilena passada de “quase nada %“.



Vocˆ pensa: com a reversÆo da provisÆo, eu pago o que devo em fevereiro e, a partir de mar‡o, aperto um pouco mais o cinto. Vem a tela da reversÆo, vocˆ leva um baita susto e constata que vai ficar mesmo ‚ devendo. A¡ vocˆ se lembra do rateio do PASBC e entÆo cai duro: mais seis meses com sal rio diminu¡do (e mais seis, depois mais seis, quem sabe ainda mais seis? O d‚ficit ‚ “p¢s-pago”!).



Pensa que o pesadelo acabou? NÆÆÆo. Faltava, mas nÆo falta mais, um projeto do governo federal que possibilita aos municipais criar taxas por conta de uma tal de “impermeabiliza‡Æo de solo”: teoricamente, para obras de combate a enchentes. Segundo o Presidente da Rep£blica, penalizado com as v¡timas recentes delas, o “descaso do poder p£blico” ‚ o culpado. E a¡, quem paga “o pato” da revolta sazonal da natureza somos vocˆ, eu, n¢s todos. Com o nosso rico e – entende o governo – infinito dinheirinho.



Sabemos da responsabilidade do SINAL em rela‡Æo aos seus filiados, e nÆo pretendemos, absolutamente, ser mais alarmistas ou at‚ tr gicos quando pintamos o quadro da situa‡Æo que hoje vivemos. Na verdade, se ela nÆo estivesse tÆo ruim para alguns, seria at‚ c“mico fazer um “balan‡o” dos momentos que vimos enfrentando com esse clima surreal de “morde e sopra” do governo com rela‡Æo aos servidores do BC.



 fato, por‚m, que a diretoria da Casa precisa tomar consciˆncia da realidade que seu corpo funcional vem enfrentando. H  em curso um processo de esfacelamento de valores materiais e emocionais no BC que precisa ser estancado.



Para isso, a diretoria h  que despertar e assumir a sua responsabilidade nesse processo.

Edições Anteriores RSS
Matéria anteriorComunicado da Centrus sobre a reversão da provisão relativa aos anos de 1997/98
Matéria seguintePLENÁRIA DOS SERVIDORES DEFINE RUMOS DA CAMPANHA SALARIAL