Edição 108 - 30/07/2004

A DIFERENÇA QUE VOCÊ FAZ

A carta a seguir transcrita foi elaborada por um grupo de colegas de Bras¡lia e fala da importƒncia do Banco Central para a sociedade e de cada um de n¢s como servidores do àrgÆo. Neste momento de impasse nas negocia‡äes do PCS com o governo, leia-o e sinta …

A DIFEREN€A QUE VOCÒ FAZ

Vocˆ, servidor do Banco Central do Brasil, certamente tem muitas hist¢rias a contar.

Seu m‚rito come‡ou a ser reconhecido quando vocˆ passou num concurso p£blico arduamente disputado, o que provavelmente foi motivo de muitas comemora‡äes em sua fam¡lia.

A partir de entÆo, j  investido numa das carreiras de servidor desta Autarquia, vocˆ come‡ou a contribuir, com seu trabalho, direta ou indiretamente, para a execu‡Æo das atividades que, por seu car ter estrat‚gico, sÆo fundamentais para a prosperidade e estabilidade econ“mica do Pa¡s.

Vocˆ bem sabe a diferen‡a que seu trabalho faz:

ú dele depende a manuten‡Æo da infla‡Æo sob controle, impedindo que o insidioso imposto inflacion rio volte a incidir sobre a popula‡Æo mais pobre e desamparada do Pa¡s;

ú dele depende a boa execu‡Æo da pol¡tica monet ria do Pa¡s;

ú dele depende, em ‚pocas de crise, a regula‡Æo da liquidez em reais do sistema banc rio, e da liquidez do mercado de cƒmbio; essa atua‡Æo, e a tamb‚m cl ssica, entre os bancos centrais, fun‡Æo de emprestador de £ltima instƒncia ao sistema financeiro nacional, impedem a dissemina‡Æo do pƒnico entre os agentes econ“micos e a popula‡Æo, em geral;

ú dele depende a administra‡Æo do Selic, no qual estÆo custodiados mais de R$ 700 bilhäes em t¡tulos da d¡vida mobili ria interna, e sÆo registradas todas as opera‡äes envolvendo os mercados prim rio e secund rio da d¡vida;

ú dele depende a administra‡Æo dos quase USD 50 bilhäes de reservas internacionais, sem os quais a crise econ“mica e provavelmente a depressÆo econ“mica assolariam o Pa¡s;

ú dele dependem a fiscaliza‡Æo e elabora‡Æo de normas do sistema financeiro, zelando pela sua estabilidade e pela preven‡Æo de crises banc rias, que, segundo o comprovado em diversos pa¡ses, tˆm efeitos devastadores sobre a economia e a poupan‡a dos cidadÆos;

ú dele depende o regular funcionamento do Sistema Brasileiro de Pagamentos, garantindo a regular e tempestiva liquida‡Æo das transa‡äes financeiras no Pa¡s;

ú dele depende a emissÆo e distribui‡Æo do meio circulante.

Essas sÆo apenas algumas das importantes fun‡äes desempenhadas pelo nosso Banco Central. Quer seja em  reas fim, ou  reas meio (sem as quais as  reas fim nÆo poderiam funcionar), quer seja na condi‡Æo de analista, ou de t‚cnico, vocˆ sabe a importƒncia de seu trabalho. Ele, em diversas oportunidades, representou a diferen‡a entre a supera‡Æo das diversas crises financeiras e econ“micas que assolaram o Brasil nos £ltimos dez anos, e a instala‡Æo do CAOS em nosso Pa¡s.

Ciente da importƒncia de seu trabalho, vocˆ, por outro lado, tem sido testemunha do descaso com que nossas carreiras e questäes salariais tˆm sido tratadas pelas sucessivas diretorias desta casa e pela Administra‡Æo Federal. Esse tratamento ‚ completamente incompat¡vel com a qualidade dos servi‡os prestados pelos servidores desta casa, os quais, sempre que solicitados, mesmo em condi‡äes agudas de estresse, tˆm correspondido, com extremo profissionalismo, …s demandas da Diretoria Colegiada, do Governo, e da sociedade, em geral.

Vocˆ, servidor do Banco Central do Brasil, comissionado ou nÆo comissionado, com sua adesÆo maci‡a, fez a diferen‡a nas paralisa‡äes de abril e maio desse ano. Gra‡as a elas, conseguimos abrir um canal de negocia‡äes com o Governo, e emergir do ultrajante territ¢rio do reajuste zero.

Acreditamos, entretanto, que ‚ chegada a hora para uma nova reflexÆo.

O Governo insiste em diluir o impacto de um novo PCS ao longo de 2005. Os efeitos da proposta oficial – cujos valores, diga-se de passagem, estÆo longe de resolver a defasagem de nossos sal rios – somente aconteceriam, em sua plenitude, em 2006. Aceitar a proposta, nesses moldes, ‚ ratificar nosso engessamento salarial para todo o ano que vem. Enquanto em 2005 outras carreiras estarÆo batalhando por novas corre‡äes, provavelmente receberemos como reposta um sonoro "voltem em 2006, j  resolvemos sua vida para esse ano, com o PCS de 2004!".

Ou seja, apesar do avan‡o at‚ aqui logrado (no in¡cio era zero!), o que at‚ agora temos ‚ farinha do mesmo saco: ‚ a inflexibilidade dos negociadores oficiais, mesmo para implementa‡Æo de um PCS com impacto or‡ament rio longe do ideal, ‚ o Banco Central do Brasil continuando a ser tratado como ¢rgÆo de segunda classe nas esferas governamentais, ‚ nossa diretoria inexplicavelmente ausente na urgente tarefa de lutar por melhorar os sal rios de seus funcion rios.

Vocˆ concorda com o tratamento que, mais uma vez, est  sendo dispensado aos servidores desta casa?

 hora de agir! Em assembl‚ias que contaram com a participa‡Æo em peso dos servidores, foi aprovada a realiza‡Æo de uma paralisa‡Æo de advertˆncia para a pr¢xima ter‡a-feira, dia 3 de agosto.

Demonstre seu inconformismo com o descaso com que nossas carreiras estÆo sendo tratadas. Pare na ter‡a-feira. Precisamos dar uma demonstra‡Æo de for‡a e unidade, superando as bem sucedidas paralisa‡äes de abril e maio. Precisamos fortalecer a posi‡Æo de nossos sindicatos na mesa de negocia‡äes! Vocˆ ‚ pe‡a fundamental nesse processo!

Mesmo que, quaisquer que sejam as razäes, vocˆ nÆo tenha at‚ aqui se engajado na campanha salarial, saiba que sua participa‡Æo ‚ vital. NÆo menospreze sua contribui‡Æo: Vocˆ faz a diferen‡a!

Edições Anteriores RSS
Matéria anteriorAS ASSEMBLÉIAS DE ONTEM: UM GRITO NACIONAL PELA GREVE EM 3 DE AGOSTO
Matéria seguinteBACEN vai parar amanhã !!!