Edição 1067 – 04/11/2019

Reunidos em vigília, servidores reúnem-se por videoconferência com presidente do BC para discutir a reforma administrativa


Campos Neto garantiu que a PEC que deve ser enviada ao Congresso não inclui o BC no carreirão do Executivo. Servidores continuam em estado de alerta na próxima semana.

Reunidos na Sede do BC, em Brasília, e em todas as regionais do Banco Central, mais de 500 servidores da Casa reuniram-se por videoconferência com o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, na sexta-feira (1o), durante vigília em protesto contra itens da reforma administrativa. Organizado pelo Sinal/DF e pela Associação Nacional dos Analistas do Banco Central do Brasil (ANBCB), o ato contou com a participação também do SintBacen.

A reforma está em fase de conclusão pelo Governo e promete alterar drasticamente as carreiras do serviço público federal, com a instituição, entre outras mudanças, do chamado “carreirão” do Poder Executivo, da qual fariam parte os especialistas do Banco Central. Apenas as carreiras definidas como típicas de Estado devem ficar fora dessa estrutura matricial, com a “transversalidade” de carreiras defendida pelo Ministério da Economia.

“É inacreditável que se conceba a carreira de especialista do Banco Central como não sendo típica de Estado, que se inclua os servidores do BC neste carreirão. Na prática, o carreirão retira do Banco Central a sua autonomia operacional, ao transferir do BC para outro órgão do Governo a gestão sobre a força de trabalho da Autoridade Monetária”, alertou a presidente do Sinal/DF, Andreia Medeiros.

Durante a videoconferência com os servidores, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou que tal mudança seria péssima e não é do interesse do Banco Central. “Isso iria totalmente de encontro à autonomia do BC, que pela primeira vez na história foi defendida pelo presidente da República e tornou-se um projeto apresentado pelo Governo e já em tramitação no Congresso”, afirmou Campos Neto.

“Sou totalmente contrário à transversalidade de carreiras no BC, a que o carreirão seja aplicado ao Banco Central. E comprometo-me a lutar para que isso não ocorra. Eu e os diretores do Banco Central estamos 100% de acordo sobre isso”, defendeu o presidente.

Ele ainda garantiu aos servidores que, hoje, a Proposta de Emenda Constituição (PEC) que o Ministério da Economia está finalizando, e que deve ser enviada ao Congresso nos próximos dias, não define quais seriam as carreiras típicas de Estado nem que atividades seriam típicas de Estado. “Falei hoje com o secretário do Ministério da Economia que está escrevendo a proposta e ele me garantiu que não há essa definição neste momento. Isso só será definido mais para frente. Hoje não tem isso lá”, garantiu Roberto Campos Neto.

Estado de alerta

A vigília encerrou uma semana de forte mobilização dos servidores do BC, inclusive com a participação de diversos chefes de divisão, chefes adjuntos e chefes de unidade. Em todos os departamentos, circula lista de não assunção pelos servidores de cargos que venham a vagar no futuro em protesto contra medidas que desestruturem e retirem a autonomia do Banco Central. A entrega coletiva de comissões é uma possibilidade real.

Os servidores também se organizam para mapear em seus departamentos que projetos e entregas seriam impactados por potencial descomissionamento.

O estado de alerta da categoria segue nesta semana, quando novos encontros deverão ocorrer para compartilhamento de informações e eventuais deliberações.

Estamos em contato para mais audiências, tanto com o Ministério da Economia, como com o Presidente Campos.

Aguardem nosso retorno e estejam prontos para as próximas ações.

Lembrem-se: juntos somos mais fortes!

Andréia Medeiros
Presidente do Conselho Regional
Seção Regional Brasília

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