Edição 74 - 17/11/2017

ZUMBI: A lei dos escravos e os escravos da lei

A escravidão é uma mancha na nossa história, mais do que a miséria e o sofrimento provocados, deformou gravemente a nossa sociedade e nossas instituições. Não somos levianos de confundir escravidão com um feriado, o ponto aqui é outro. Uma forma de opressão que se mantém intacta na nossa sociedade: o “cartorialismo” (expressão cunhada e conceito desenvolvido por Hélio Jaguaribe em seu trabalho “Política ideológica e política de clientela”).O cartorialismo se distingue pela primazia do Estado cartorial, que se opõe ao Estado funcional, ou seja o mundo dos regulamentos e normatizações se sobrepõe à realidade ou a necessidade cotidiana dos seus cidadãos, pois buscam satisfazer apenas os interesses dos grupos que controlam o Estado.

A máxima do nosso estado cartorial é a preferida dos advogados de políticos corruptos e de ladrões da nossa república: “É imoral mais é legal”. A partir daí nada mais tem relevância, a luta sem trégua é simplesmente pela manutenção do poder que a lei vai lhe garantir. Valores morais como justiça, solidariedade, liberdade ou igualdade se tornam apenas vocábulos para uso em propaganda política: papel de pão que se usa para embrulhar o que interessa, assunto para “marqueteiros”. Nossos políticos não são estadistas, eles discutem partilhas e não valores.

O atual governo se esmera no seu “cartorialismo de oportunidade” pois se apresenta como campeão dos mercados, só que o capital não tem valores morais, ele não se preocupa com este tipo de coisas, se a economia de alguma forma melhorar e o lucro estiver garantido então vale tudo. Um casamento perfeito.

Há pessoas que acreditam que passamos por uma forma de modernização do país, algo desejável ou mesmo inevitável. Este mesmo tipo de raciocínio era divulgado há 50 anos atrás pelo ainda influente ministro Delfim Neto: “Primeiro o bolo tem de crescer para depois ser dividido!”. Os anos 80, conhecidos como a década perdida pelos seus anos de recessão e inflação, foram a recompensa dos que ficaram esperando a sua fatia de bolo com o pires na mão. O bolo? Bem, este foi fatiado e remetido em dólar para fora do país, para depois voltar como investimento externo com incentivos fiscais.

A discussão do papel do estado passa pelo aprimoramento de nossas instituições e não pela sua destruição. A simples demonização do serviço público não interessa ao cidadão comum, mas somente àqueles que não querem ter seu poder cartorial sobre o Estado brasileiro desafiado. São os “escravos” da lei que eles mesmos fazem e dela se locupletam.

A diretoria colegiada acaba de criar uma ‘jabuticaba” por intermédio do seu voto 249/2017: Você pode faltar no feriado, desde que compense! No dia 20 de novembro, com o centro da cidade praticamente deserto, não teremos a companhia de colegas da Susep ou demais órgãos públicos (apenas para eles é feriado!), apenas os funcionários do Bacen devem vir trabalhar ou compensar. Porquê? Porque os escravos da lei não conhecem outra forma de convivência que não o jargão da lei por eles mesmos criados.

MOBILIZE-SE E DEFENDA OS SEUS DIREITOS!

LUTE CONOSCO, PROCURE O SINAL! FILIE-SE!

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