Edição 41 – 02/03/2018
BC insiste em enfraquecimento da sede regional em Porto Alegre; Sinal anuncia manutenção da resistência
Diante da decisão da Diretoria Colegiada em encerrar as operações de caixa forte na sede regional do Banco Central em Porto Alegre, o Sinal, durante reunião com o diretor de Administração, Maurício Moura, nesta quinta-feira, 1º de março, enfatizou que considera um ato de enfraquecimento da representação do órgão e que continuará empreendendo esforços para a manutenção da integridade das sedes do Órgão. Gustavo Diefenthaeler, diretor de Ações Estratégicas e presidente da seção gaúcha, Daro Piffer, diretor de Estudos Técnicos, e Epitácio Ribeiro, diretor de Relações Externas, compuseram a delegação do Sindicato à mesa.
“A única decisão administrativamente racional é encerrar a operação de caixa forte”, observou Moura. O representante da Autarquia alegou dificuldades técnicas e orçamentárias para que sejam feitas as adaptações necessárias à permanência da atividade na regional, com a devida segurança e tempestividade. Ainda, firmou compromisso de que o Departamento do Meio Circulante (MECIR) local será mantido, que nenhum servidor será deslocado para Curitiba e reforçou que a Diretoria Colegiada não tem a intenção de fechar nenhuma das sedes pelo país. Em Porto Alegre, a custódia ficará a cargo do Banco do Brasil, com quem, segundo o diretor de Administração, o BC acerta os detalhes da transferência de atribuição.
Daro Piffer ponderou que não há registro de incidentes no transporte de cédulas nas imediações do edifício. “Até hoje não tivemos ocorrência que nos impeça de manter a atividade de caixa-forte até que haja espaço no orçamento para uma solução definitiva”, afirmou. Gustavo Diefenthaeler acrescentou que já foram feitos vários investimentos para a adequação do prédio dedicado ao Mecir, informando, inclusive, que, recentemente, houve a aquisição de um novo elevador, ainda não instalado, ao custo de aproximadamente R$300 mil.
Os diretores do Sinal frisaram, ainda, que a decisão produz impactos para além do aspecto orçamentário do órgão. Daro questionou o problema, persistente em diversas regiões do Brasil, da falta de troco na zona comercial. Recordando os debates promovidos durante a 26ª edição da Assembleia Nacional Deliberativa (AND) do Sinal, realizada em 2014, na cidade de Manaus, o diretor de Estudos Técnicos do Sindicato, concluiu: “nas localidades mais afastadas das sedes do BCB é onde mais se sente a escassez de moeda em lojas e supermercados, a exemplo de Florianópolis que, mesmo a meia distância entre duas sedes do BC, sofre constantemente deste mal”. O assunto repercutiu em reportagens do Jornal do Comércio e da Zero Hora.
Gustavo destacou a importância estratégica do Rio Grande do Sul e lembrou que, além das operações de tesouraria com as cédulas e moedas de Real, o Banco Central tem como missão a guarda de valores em espécie e ouro, de origem suspeita, apreendidos pela Polícia Federal e outras autoridades em operações nas fronteiras gaúchas com os países do Mercosul.
Epitácio Ribeiro criticou a falta de comunicação da Administração do BCB com o Sindicato, visto que a notícia sobre o encerramento de parte das atividades do MECIR na sede gaúcha chegou por meio de um “vazamento” e não de maneira oficial. Ainda, afirmou que o estabelecimento de canais permanentes de diálogo será fundamental durante o ano, observando a quantidade de pautas importantes que envolvem os servidores, a exemplo do PASBC e da possível reestruturação de carreiras.
Gustavo relatou o clima de incerteza que acometeu os servidores na regional e o receio de a medida representar um movimento rumo ao desmonte da Autarquia no local. Relembre aqui, mobilização promovida pelo corpo funcional também nesta quinta-feira.
Moura informou que a medida seria comunicada somente após o ajuste dos últimos detalhes para a transferência da atividade de custódia ao Banco do Brasil, bem como a definição do remanejamento dos funcionários para o outro edifício e o devido aproveitamento de todos os que necessitarem de novas funções.
Ao final, o Sinal lembrou ao diretor o compromisso firmado por ele perante a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado Federal, de que “valorizar as regionais vai no sentido também de atuar contra a desigualdade regional do país”. Retirar função de regional não se coaduna com as expectativas da valorização almejada, além de abrir o caminho perigoso do esvaziamento e extinção de serviços e até mesmo das sedes regionais.
Os representantes do Sinal reiteraram que seguirão dialogando com parlamentares e outras instâncias de poder, com vistas à reversão da medida.