O NOVO “NORMAL”, SÓ QUE ANORMAL!
Ainda não podemos dizer que o Coronavírus terá o condão de mudar a nossa sociedade, mas, assim como outras catástrofes naturais, ele vem proporcionando guinadas importantes.
A Pandemia tem agido como um catalisador de tendências.
Se a natureza também faz Testes de Stress no sistema econômico, a restrição de contato próximo entre os indivíduos é de fato um teste e tanto.
Talvez nenhum deles se assemelhe ao impacto do Teletrabalho.
Não sairemos da mesma forma que entramos.
Era uma tendência nítida, em função da digitalização dos processos de trabalho na economia mundial.
Ocorre que a proporção e a rapidez do teste já está produzindo consequências.
Não são apenas médicos e cientistas que começam a produzir trabalhos de pesquisas.
Economistas e gestores também.
Na Nota Técnica “Potencial de Teletrabalho na Pandemia: Um Retrato no Brasil e no Mundo”, divulgada no dia 3.6.2020 pelo Ipea, identificou-se que este tipo de trabalho é possível para apenas 22,7% das ocupações no Brasil.
As ocupações analisadas foram agrupadas seguindo critérios internacionais, e os maiores percentuais de probabilidade de Teletrabalho estão nos grupos profissionais das ciências e intelectuais (65%), diretores e gerentes (61%) e trabalhadores de apoio administrativo (41%).
Já para membros das Forças Armadas, policiais e bombeiros militares, a probabilidade de Teletrabalho foi estimada em 0%, assim como para operadores de instalações e máquinas e montadores, para ocupações elementares e para trabalhadores qualificados da agropecuária, florestais, da caça e pesca.
Nas conclusões do estudo, os pesquisadores destacaram que a Nota Técnica “revela as desigualdades regionais e as diferenças no acesso a essa modalidade no território nacional”.
O texto também alerta que a incorporação de tecnologias relacionadas ao mercado de trabalho depende, em grande parte, da renda e dos investimentos no processo produtivo.
A pesquisa internacional aponta Luxemburgo, na Europa, como o país com maior potencial de trabalho remoto, que poderia se aplicar a 53,4% das ocupações.
O patamar é muito superior ao de economias menos desenvolvidas, como as da América Latina.
Mas, e para aqueles que estão dentro do processo?
Como veem o seu Teletrabalho?
Uma pesquisa do LinkedIn, publicada na EBC no dia 27.5.2020 e que ouviu duas mil pessoas na segunda quinzena de abril, indica que 62% estão mais ansiosos e estressados com o trabalho do que antes.
O LinkedIn é a maior rede social profissional do mundo.
O levantamento mostrou, também, que, para o brasileiro, a falta de interação com colegas de trabalho tem sido impactante: 39% dos entrevistados se sentem solitários, 30% se confessam estressados pela ausência de momentos de descontração no trabalho e 20% sentem-se inseguros porque têm dificuldades em saber o que está acontecendo com seus colegas de trabalho e a empresa onde trabalham.
Por outro lado, a falta de interação com os colegas e a redução das interrupções relacionadas ao ambiente do escritório fazem com que 33% considerem que estão mais produtivos.
Não é só a saúde mental que está sendo afetada.
A física também sofreu impacto com a chegada da Quarentena: 43% dos entrevistados estão se exercitando menos e 33% disseram ter o sono afetado negativamente.
O Home Office também tem significado horas extras de trabalho para muitos profissionais.
Segundo o estudo, 68% dos brasileiros que estão em casa têm trabalhado pelo menos uma hora a mais por dia, com alguns profissionais chegando a trabalhar até quatro horas a mais/dia (21%).
Além das horas-extras, trabalhar em casa impõe outro desafio para os profissionais: desligar-se das atividades do trabalho.
A pesquisa revelou, ainda, que 24% se sentem pressionados a responder mais rapidamente e estar online por mais tempo do que normalmente estariam.
Essa pressão também faz com que os profissionais adotem algumas posturas para mostrar que, mesmo em casa, estão labutando muito, levando 27% a enviar e-mails fora do horário do expediente.
Mesmo que com impactos negativos em algumas áreas, o Trabalho Remoto trouxe benefícios em outros aspectos.
Os entrevistados indicam ganhos na convivência familiar: 59% afirmam que, com a Quarentena, o tempo de qualidade com a família aumentou.
Outro ponto positivo foi a adoção de uma alimentação mais saudável, apontada por 32%.
Como podemos perceber em ambas as pesquisas, as consequências do Trabalho Remoto já são um campo de estudo muito importante, e, infelizmente, no novo “normal” nem tudo são flores.
Pelo contrário, podemos antecipar sérias ameaças na forma de ampliação das desigualdades por tipo de trabalho, até a forte alienação dos trabalhadores qualificados.
Estamos assistindo a um novo salto na Globalização e, com ele, a transformação na ordem internacional do trabalho.
As discussões sobre a necessidade de um novo regime de proteção trabalhista já começaram, principalmente na União Europeia.
Aqui no Brasil, infelizmente, somos apenas reativos.
Porém, os Servidores do BACEN já devem estar atentos à discussão, pois dela dependerá o futuro do regime de trabalho de muitos Servidores.
CAMPANHA SINAL-RJ DE COMBATE AO CORONAVÍRUS FIQUE EM CASA! Fiocruz faz pesquisa internacional para buscar identificar Você fez ou está fazendo quarentena? Se você vive no Brasil, tem mais de 18 anos e respondeu “sim” ou “não” a essa pergunta, então está convidado(a) a participar da pesquisa Impacto Social do Confinamento pelo Surto de Coronavírus Covid-19 na América Latina – Brasil. A participação consiste no preenchimento de um formulário online que busca conhecer como você tem vivido essa situação de pandemia. Responder ao questionário leva menos de 15 minutos, a participação é voluntária e não é necessário se identificar. O objetivo é levantar informações para conhecer o contexto social vivido pela população brasileira em relação ao confinamento por Covid-19, de modo a contribuir para o planejamento e a melhoria das ações no caso de emergências em saúde pública.“Em uma parceria internacional, vamos avaliar e comparar o impacto social gerado durante e após o período de confinamento, adotado como medida de prevenção e controle da Covid-19, na população residente no Brasil, Chile, Equador, Espanha e México”, explica a pesquisadora Jakeline Ribeiro Barbosa, do Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde (Nevs) da Fiocruz Brasília, à frente do estudo no país. Além da Fiocruz Brasília, por meio do Nevs e do Núcleo de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas (Nusmad), a equipe brasileira é formada pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia). Informes PASBC:
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