As lágrimas dos crocodilos (Parte II)
A forma como a dívida pública é construída no país – subsídios, isenções fiscais e principalmente juros subsidiados ao capital – torna a sociedade que não participa destes esquemas refém da vontade dos bancos.
Eles decidem quanto, como e principalmente por quanto emprestar.
Como não temem qualquer interferência séria do governo para desmontar o seu cartel (apenas algumas medidas cosméticas, “para a plateia”), se consideram livres.
O resto da sociedade que não está no esquema acima, na verdade está com as suas atividades econômicas acorrentadas aos bancos.
Somos um país de MEI’s, de microempreendedores. As microempresas não crescem para não pagar mais impostos (o que as mataria). Entretanto, estão à mercê do crédito bancário, caríssimo e seletivo.
As lágrimas de crocodilo da FEBRABAN tentam inverter esta lógica.
Nessa lógica invertida, as vítimas são os culpados (assim como o governo, que impede a eficiente expropriação dos bens dos endividados).
O grande capital, seu cliente preferencial, é convenientemente ignorado.
A maior parte da dívida pública é produzida para o capital e não para gastos sociais, como quer fazer crer a quase totalidade da imprensa.
(Este artigo é continuação de As lágrimas dos crocodilos, publicado na Edição 1, de 08 de janeiro de 2019, do Apito Carioca).