CICLOS
Em janeiro de 2019 termina um longo ciclo de acordos salariais para a nossa categoria, que se iniciou em 2015. Repetindo a estratégia de 2011, o governo federal apresentava uma proposta plurianual para 2016-2019 de quatro parcelas (5,5%; 5,0%; 4,8%; 4,5%, totalizando 21,3%). Na ocasião, a expectativa de inflação (IPCA) quase empataria (5,5%; 4,8%; 4,5%; 4,5%, totalizando 20,7%). O governo queria tranquilidade para as Olimpíadas, buscando manter no atacado a solução que obteve anteriormente.
Ocorre que o clima já era de grande desconfiança quanto ao futuro. O acordo anterior (três parcelas de reajuste de 5%, aplicadas em janeiro de 2013, 2014 e 2015) não impediu que a defasagem salarial da categoria em relação a julho de 2010 já superasse os 30% em julho de 2016. Aceitar a proposta do governo, na melhor das hipóteses, apenas congelaria nossas perdas. Se a inflação recrudescesse estaríamos em uma situação complicada.
Após duras rodadas de negociação, o governo finalmente aceitou proposta com os mesmos prazos e com valores superiores aos que pretendia inicialmente conceder (diferentemente, a maior para nós, do que ocorreu na negociação com outras categorias). Depois de idas e vindas, acabamos optando pela adesão ao acordo que contemplava as parcelas de 5,5%, em agosto de 2016, 6,98%, em janeiro de 2017, 6,64%, em janeiro de 2018, e a parcela prevista de 6,31%, em janeiro de 2019. Foi uma opção de risco (sem contar com o fato de que a hipótese possível de não se chegar a nenhuma acordo poderia simplesmente nos jogar no limbo), que, ao fim, se revelou claramente uma vitória significativa da ação sindical.
A manutenção deste acordo, entretanto, longe de trazer uma definição para o horizonte dos servidores do BCB, mostrou-se uma verdadeira epopeia, sendo necessário pressionar o Congresso Nacional e acionar a Justiça para se fazer cumprir o termo assinado. Após a reviravolta política de 2016, como sabemos, o governo elegeu o servidor público como o seu bode expiatório, e o que era um ato jurídico perfeito proposto pelo próprio governo federal passou a ser divulgado, com o apoio da imprensa do capital, como um crime lesa-majestade perpetrado pelo governo anterior em conluio com os Sindicatos.
O Sinal, assim como os Sindicatos das demais categorias reunidas no Fonacate e no Fonasefe, não se intimidou e denunciou o discurso de hipocrisia que cotidianamente nos apontava como vilões, por defender o nosso direito, enquanto tenebrosas transações se mantinham ativas descaradamente no Congresso Nacional. Ao fim deste período, obrigamos o governo a respeitar o acordo, não poupando articulação e instrumentos judiciais, sempre que necessário.
Gostaríamos de agradecer a confiança depositada por todos aqueles que não descuraram da nossa luta em prol da categoria.
Neste mesmo período, no front interno, mantivemos, entre outras iniciativas, a luta pelo nosso PASBC, que, a título de adequação das despesas dos servidores, recebeu diversas vezes, por parte da Administração Central do Banco, propostas de mudanças que foram rebatidas pelo Sinal. Afinal, queremos sempre discutir o PASBC, principalmente a sua gestão solidária, e não apenas o mero repasse dos custos integralmente para os servidores e seus dependentes.
Em 2019 se inicia um novo ciclo, sabemos perfeitamente que em condições ainda mais adversas, tanto internas como externamente. Por esta razão, esperamos contar com o apoio dos servidores do Banco Central do Brasil, para que juntos construamos um Sindicato ainda mais forte, e, assim, possamos enfrentar os duros tempos que se iniciam.