Edição 039 - 14/05/2020

NADA CONTRA OU A FAVOR DO AMAPÁ

Apenas a curiosidade de que o Senador Davi Alcolumbre, oriundo deste ex-Território Federal, nos deu uma aula de como funciona o processo legislativo brasileiro.

O PLP 39/2020 determina o congelamento de salários e benefícios, além de criar uma série de entraves para evolução nas carreiras, para Servidores Federais, Estaduais e Municipais, por 18 meses.

Como um Projeto que inicialmente tratava de compensações financeiras a Estados e Municípios por parte da União para cobrir parte das perdas decorrentes da queda na receita em razão da Pandemia chegou nisto?

Bem, a pandemia e os mortos são apenas o pano de fundo, não que isto realmente importe em Brasília, pois não faltarão respiradores no Congresso Nacional.

Mas é necessário dar a impressão de que se está fazendo alguma coisa a respeito, quando na verdade o que se procura é outra bem diferente.

O que realmente importa é quem fica com mais ou menos poder e dinheiro no jogo político bruto brasileiro.

O projeto inicial da Câmara criava uma espécie de subversão da República: a União passaria a bancar a manutenção dos gastos dos Estados quase que independente da sua arrecadação.

Praticamente, o único parâmetro para transferência de recursos era a arrecadação de 2019.

Apesar da ajuda financeira aos Estados e Municípios ser extremamente necessária, isso equivaleria a um estímulo à irresponsabilidade financeira, dado principalmente pelo presente contexto de preocupações da grande maioria dos nossos Governadores e Prefeitos.

O único efeito real desta bizarra atitude foi assustar o empresariado com o descontrole das Contas Públicas e assim ressuscitar o agonizante Paulo Guedes.

O Senador Alcolumbre percebeu a oportunidade de catapultar o seu ganho político, relatando alterações que reorganizassem e limitassem  o ambicionado auxílio de R$ 125 bilhões entre os interessados.

Assim, realizou um cálculo fajuto que colocava o desolado Amapá como o Estado mais bem aquinhoado, em termos per capita, dos referidos recursos.

No final não conseguiu, mas mostrou que a desfaçatez é a regra.

Nunca saberemos como este dinheiro será efetivamente gasto.

A falta de um plano nacional de combate à epidemia, que defina as prioridades de forma coordenada e efetiva, torna óbvio que cada um gastará como bem entender.

O mais importante é que as máquinas políticas estaduais e municipais serão abastecidas.

Os casos de compras de respiradores e outros insumos que não são entregues ou o foram por preços absurdos já pontuam na mídia.

Ora, não é difícil perceber que, após o choque inicial, a Pandemia está sendo usada como uma desculpa para a aplicação de projetos e políticas que retiram direitos da classe trabalhadora como um todo e dos Servidores Públicos  especificamente.

A ideia de que seria apenas a cota de sacrifício do Funcionalismo esconde o fato de que a política salarial permanente para os Servidores é de arrocho: a data-base é descumprida, a revisão geral é sistematicamente desconsiderada.

Não é uma cota de sacrifício pontual, mas é o prolongamento de uma política salarial permanente de arrocho sobre o Funcionalismo.

É simplesmente uma tentativa de usar a Pandemia para aprofundar ainda mais essa política.

As tentativas de se criar exceções também caíram na luta rasteira e demagógica dos blocos políticos dentro do Congresso, demonstrando que existem “parasitas” de estimação desse Governo, como as forças de segurança e militares. Chegou-se a vincular os policiais legislativos.

A disputa se tornou tão grande que Paulo Guedes precisou ir ao presidente clamar pelo veto das exceções.

Manter isso pode dar a impressão de acordo com o Guedes.

Ao final, Maquiavel bateria palmas: os políticos repartiram o butim, a farsa da propaganda contra o Funcionalismo foi restabelecida e nem uma palha foi mexida para melhorar a gestão dos recursos para que chegassem aos necessitados.

A população continuará morrendo sem atendimento, seja nos hospitais, seja em frente a uma agência da CEF em busca de R$ 600,00 que nunca chegam.

E daí?

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U
niversidade de Washington projeta que 88 mil vão morrer no Brasil até agosto

No pior cenário traçado, seriam 193 mil mortes por Covid-19

 

“As projeções do IHME para mortes no Brasil indicam claramente que o sistema de saúde do país está enfrentando um desafio assustador”, disse o diretor do IHME, Dr. Christopher Murray. “Nosso objetivo em anunciar esses resultados é informar aos decisores políticos a melhor forma de controlar e mobilizar para o Covid-19”.

Será que levaram em consideração que temos um sociopata na presidência?Fonte: https://www.otempo.com.br/mundo/universidade-de-washington-projeta-que-88-mil-vao-morrer-no-brasil-ate-agosto-1.2336609

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