Edição 047 - 18/06/2020

NÃO SE BRINCA COM A VIDA DAS PESSOAS

“Pro bono publico”

Felizmente para nós a Comunidade BCB sempre teve muito a oferecer, não apenas pela qualidade técnica de seus profissionais, mas principalmente pelo desprendimento com que vários deles se dedicam graciosamente para aquilo que o termo latino traduz como “Pro bono” (na verdade “Pro bono publico”).

Trata-se de uma forma de trabalho voluntário que, ao contrário do voluntariado tradicional, requer habilitação profissional, embora não seja remunerado.

A colega Laura Tupinambá, lotada em Belém, nos dá um belo exemplo do que isso significa na prática, ao oferecer aos colegas que debatem o problema da Pandemia o seu trabalho “COVID-19: Panorama em Unidades Federativas com Representação do Banco Central do Brasil”, disponível em: http://educapes.capes.gov.br/handle/capes/571403.

O trabalho estatístico não se mantém apenas em números globais, mas os tratam por cada 100 mil habitantes, tornando-os comparáveis e assim melhor identificando a evolução da Pandemia por Praça do Banco.

Algumas conclusões são perturbadoras e apenas confirmam a irresponsabilidade daqueles que pregam uma volta prematura ao trabalho presencial no Banco Central.

“De cada 7 pessoas com o Coronavírus, apenas uma sabe que está ou esteve infectada. Isso é preocupante, visto que as demais 6 pessoas que não sabem da infecção podem, involuntariamente, transmitir o vírus para outras pessoas”.

“Não é por acaso que o logotipo do EPICOVID19-BR remete a um iceberg. Os casos confirmados, que aparecem nas estatísticas oficiais, representam apenas a ponta visível de um iceberg cuja maior parte está submersa. Para conhecer a magnitude real do Coronavírus, é obrigatória a realização de pesquisas populacionais”.

Para nós cariocas e fluminenses, que vivemos uma franca campanha de dissimulação de dados pelos governos que deveriam ser os primeiros à informá-los, o trabalho ganha ainda mais relevância.

Não sabemos, por exemplo, a Taxa de Ocupação de Leitos de UTI públicos (em %), informação não localizada em 31/05 e 13/06.

No trabalho verificamos, por exemplo, que a taxa de mortalidade do RJ é a terceira maior entre as Praças no dia 13 de junho, 43,8 óbitos por mil habitantes.

Perdemos apenas para CE e PA, com 52,6 e 48,2 respectivamente.

Segundo os pesquisadores, esse resultado confirma que a Região Norte tem o cenário epidemiológico mais preocupante do Brasil.

Infelizmente estamos em primeiro lugar quando se compara o índice de letalidade (razão entre óbitos e casos confirmados): ficamos com 9,6%.

A pesquisa confirma que tanto as taxas de contaminação quanto de letalidade estão em ascensão em todas as Praças.

Infelizmente, o Banco Central, assim como o governo federal, parece estar preferindo enterrar a cabeça na areia, diante dessa calamidade.

Diga não ao avestruz.

Exigimos respeito.

Não se pode brincar com as vidas das pessoas de forma inconsequente.

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