Edição 108 - 18/10/2005

Resposta à ISTOÉ DINHEIRO

Correspondência enviada pelo SINAL à ISTOÉ DINHEIRO, em resposta ao artigo Para que serve o BC?”, de Adriana Nicacio, divulgado na edição nº 423 da revista

Senhor Editor,

Referindo-nos ao artigo “Para que serve o BC”, veiculado na edição nº 423, da revista ISTOÉ DINHEIRO, solicitamos-lhe divulgar aos seus leitores os seguintes esclarecimentos e comentários:

1) os leilões de títulos públicos do Banco Central continuaram porque funcionários em greve retornaram para os promover, e assim evitar transtornos incomensuráveis ao País;

2) as taxas de juros (SELIC) são fixadas mensalmente pelo COPOM-Comitê de Política Monetária;

3) nunca foi nosso propósito gerar transtornos ao mercado de câmbio, ainda que não nos tenha sido possível fornecer a PTAX a tempo e a hora, como nos tempos de normalidade operacional do Banco;

4) não se sabe de onde a articulista tirou a informação de que os servidores do BC reivindicam “participação nos lucros do BC”, porque não existe, nem nunca houve, nada nesse sentido na pauta reivindicatória;

5) não faltou dinheiro no mercado porque a nossa representação de São Paulo e a Casa da Moeda fizeram, emergencialmente, fornecimentos diretos ao mercado; mais uma vez, ressaltamos que a natureza reivindicatória do movimento não visou, em nenhum momento, semear o caos nem prejudicar a população: muito pelo contrário, o SINAL tem sempre defendido que o BC, como autarquia federal, cumpra seu dever de voltar-se primordialmente para o serviço da sociedade;

6) nunca agendamos audiência com o Ministro Paulo Bernardo: nossas negociações se dão com a Diretoria do BC e na Mesa Setorial de Negociação, que inclui o Banco Central e a Secretaria de Recursos Humanos do MPOG;

7) negociação salarial se dá pela aproximação entre pisos oferecidos e tetos reivindicados. Por parte do governo, os percentuais foram elevados, do piso inicial de 0,1%, para 4% em média, 5,72 %, depois 6% e agora os 10% em duas parcelas. De nossa parte, também flexibilizamos nossas reivindicações e estamos próximos de um acordo;

8) o resultado de uma reunião com o Presidente do BC, Henrique Meirelles – e não com o Ministro Paulo Bernardo – foi o oferecimento, por parte do Presidente, de 6% em 2006 e 4% em 2007;

9) o alerta com relação à falta de dinheiro e outros transtornos foi dado pelo Sindicato, caso houvesse radicalização por parte do governo. Dadas as negociações e avanços havidos, impediu-se uma ruptura entre as partes;

10) temos uma prática séria de negociação, e não faz parte dela blefar nem espalhar boatos, como afirmado na matéria, o que rechaçamos com veemência.

11) deve ficar claro que não há qualquer participação da CUT, nem do Sindicato dos Bancários, em nosso movimento. A mobilização da categoria citada não tem nenhuma vinculação com a nossa campanha salarial;

12) é maldosa a fotografia de chamada da matéria. A maioria dos funcionários e todos os dirigentes do Sindicato estiveram todo o tempo varando noites, feriados e finais de semana, produzindo estudos e alternativas para a solução dos impasses surgidos;

13) quanto ao câmbio, infelizmente temos a registrar que ordens de pagamento ao exterior para as quais a autorização do BC é necessária não estão sendo executadas, assim como produtores rurais têm encontrado dificuldade de fechar negócios por falta de cotação. Greves sempre causam algum incômodo, ainda que não seja nosso propósito, reiteramos, prejudicar nenhum setor e, sim, sensibilizar o governo para o atendimento das nossas justas demandas.

Cabe esclarecer, ainda, que os funcionários cujas atividades são essenciais não paralisaram suas funções. Quando muito diminuíram o ritmo das atividades, realizando apenas o que era urgente. Registramos que muitos aderiram à greve mas continuaram exercendo as funções quase que normalmente, mesmo tendo os dias de salário descontados. A isso chamamos profissionalismo e comprometimento com a entidade Banco Central.

As funções do BC junto sistema financeiro são, essencialmente, preventivas, que se dão, principalmente, pelas ações regulatórias e de controle. O monitoramento constante do mercado financeiro se traduz na estabilidade e confiabilidade desse mercado. Há, porém, atividades que, se paralisadas por um mínimo de 24 horas, gerariam um caos na economia, com repercussões internacionais, e cuja rotina nosso senso de responsabilidade sequer cogitou alterar. Referimo-nos, principalmente, às mesas de títulos e ao SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro), além do Sisbacen. Quem é do mercado sabe do que estamos falando.

Atenciosamente,
SINAL – Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central

David Falcão – Presidente

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