Edição 96 - 19/12/2007

O Governo tem que escolher : a banca ou a Nação

Nos últimos dias temos visto na imprensa e nos discursos de alguns senadores da oposição, uma "comovente" preocupação com as medidas que devem ser tomadas para compensar a perda dos 40 bilhões com o corte da CPMF.

Em todos eles, uma preocupante sintonia: o equilíbrio fiscal, o corte de investimentos, e redução dos gastos da máquina pública, começando pelo congelamento dos salários do funcionalismo, tudo sob o pretexto de se garantir a rigidez orçamentária e a manutenção do superávit primário. Belas palavras que encobrem uma lógica política perversa.

Entenda-se "equilíbrio fiscal e corte de investimentos", como menos recursos disponíveis para a área social: Saúde, Educação, e Segurança Pública.

A rotineira opção de jogar o problema nas costas da população, e dos servidores públicos, ficou agora facilitada com a possível aprovação da DRU ( Desvinculação de Receitas Orçamentárias) que permite ao Governo remanejar verbas destinadas aos setores sociais, na ordem de 50 bilhões, para garantir o superávit primário, elemento fundamental no pagamento da dívida pública, da qual os bancos são os principais credores.

Enquanto isso, a grande imprensa, defensora dos interesses do capital financeiro, nos coloca diante de um falso dilema. Ou concordamos com a redução dos serviços prioritários de atendimento à população, ou aceitamos o "enxugamento da máquina", como o rompimento dos acordos salariais já firmados, por ex., o nosso.

Não! Não aceitamos! Se algum compromisso tem que ser rompido, que seja o que o Governo sustenta com o setor financeiro, com o infinito pagamento da dívida pública, que, só no caso da dívida interna custou ao país, em setembro de 2007, cerca de 45 bilhões, e em outubro de 2007, 58 bilhões, segundo dados do Tesouro Nacional, ou seja, uma CPMF por mês.

Por que não se cogita a redução pontual da Taxa Selic, que reduziria significativamente o estoque da dívida, combinada com uma, já prevista, elevação da arrecadação, absorvendo assim, o impacto da perda da CPMF?

Por que nenhum dos renomados articulistas da grande imprensa ou dos economistas neo-liberais, contemplam a possibilidade de penalizar o setor financeiro, que há anos vem batendo recordes de arrecadação, seja com os elevados juros decorrentes da farra do crédito, ou seja, com as mega-receitas provenientes dos serviços bancários que nos são cobrados diariamente? Por que a bomba sempre tem que explodir no colo da população?

O governo tem que escolher o seu lado. Este é o momento. Ou fica com os banqueiros ou vem para o lado da Nação.

Temos percebido sinais do Governo, no sentido de preservar os acordos firmados, como afirmou, hoje, no jornal O Globo, o Ministro Paulo Bernardo: "… o governo não colocou na mesa de discussões a hipótese de congelamento dos salários…". Mas nada está garantido, pelo contrário, o risco é muito grande, e a solução pode demorar.

Temos que ter consciência que, nesse momento, será muito difícil a emissão da nossa MP e de outras categorias . A luta agora é para garantir a integralidade do nosso acordo e impedir os cortes.

A Diretoria Executiva do SINAL continua concentrada em Brasília, correndo gabinetes, buscando apoio para fazer valer o acordo salarial firmado. A pressão sobre o Ministro – Presidente Meirelles é uma das ações centrais.

Com o aumento do número de contatos que estão sendo realizados, a Direção do SINAL se reunirá hoje à tarde em tele conferência para avaliar a possibilidade de adiamento da AGE, incialmente prevista para amanhã.

Amanhã pela manhã divulgaremos o resultado da teleconferência.

Edições Anteriores RSS
Matéria anteriorExecutiva Nacional do SINAL em Brasília
Matéria seguinteSINAL-SP INFORMA nº 211, de 20.12.07: Votos de Feliz Natal e Próspero Ano-novo / Sinal-SP presente à posse de nova diretoria da CGTB-SP / Entrega de prêmio do concurso de fotografia